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Mostrando postagens de dezembro, 2015
“O desafio hoje é cristianizar os cristãos. Como enfrentar um ambiente que formalmente é religioso, mas na prática é completamente egoísta, voltado para si e totalmente alheio a quaisquer desafios religiosos possíveis. Como falar de Deus para quem tem Deus no carro, na casa, na camiseta, mas só não tem no coração e na atitude. É o desafio de sempre: como falar da lei para doutores da lei e para fariseus, aqueles que pagam o dízimo sobre o cominho, mas não entenderam o básico.”

A SERENIDADE, UMA SÁBIA REFLEXÃO DE HERMANN HESSE

A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos; é uma virtude dos santos e dos cavaleiros, é indestrutível e cresce com a idade e a aproximação da morte. É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte.O poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os terrores da vida, o músico que lhes dá os tons de duma pura presença, trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a clareza sobre a Terra, mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas. Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário, e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras participem da serenidade dos deuses e das estrelas.O que eles nos dão, não são mais as suas trevas, a sua dor ou o seu medo, é uma gota de luz pura, de eterna serenidade. Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras, procuram ex

APRECIAR A VIDA

Um homem, viajando pelo campo, encontrou um tigre. Ele correu, o tigre em seu encalço. Aproximando-se de um precipício, tomou as raízes expostas de uma vinha selvagem em suas mãos e pendurou-se na beira do abismo. O tigre o farejava acima. Tremendo, o homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, um outro tigre a espera-lo. Apenas a vinha o sustinha. Mas, ao olhar para a planta, viu dois ratos, um negro e outro branco, roendo aos poucos sua raiz. Nesse momento, seus olhos perceberam um belo morango vicejando perto. Segurando a vinha com uma mão, ele pegou o morango com a outra e o comeu. - Que delícia! – ele disse. ### Essa é uma das analogias sobre a vida humana. Estamos fugindo de um animal que pode nos matar, presos por um fio – o qual está sendo roído pela morte e pelo dia (os ratos branco e preto) -, e apreciamos a doçura do momento. O que mais haveria para ser feito? A morte é certa, mas até morrer podemos apreciar a vida. Você aprecia a sua existência? Mes

ESTATUTO DO HOMEM

ESTATUTO DO HOMEM (Ato Institucional Permanente) A Carlos Heitor Cony Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira. Artigo II Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo. Artigo III Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. Artigo IV Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino. Artigo V Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira.

NATAL: O PRIMEIRO PRESENTE

É Natal

São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja  Sermão n° 38, para a Natividade  «Tu, que maravilhosamente criaste o homem e mais maravilhosamente ainda restabeleceste a sua dignidade» (Oração colecta) Jesus Cristo nasceu, dai-Lhe glória! Cristo desceu dos céus, correi para Ele! Cristo veio à Terra, exaltai-O! «Cantai ao Senhor, Terra inteira. Alegria no céu; Terra, exulta de alegria!» (Sl 96,1.11). Descendo do céu, Ele vem habitar no meio dos homens. Estremecei de temor e de alegria: de temor por causa do pecado; de alegria em razão da esperança. Hoje, as sombras dissipam-se e a luz eleva-se sobre o mundo; como outrora no Egipto envolto em trevas, hoje uma coluna de fogo ilumina Israel. O povo, que estava sentado nas trevas da ignorância, contempla hoje essa imensa luz do verdadeiro conhecimento porque «o mundo antigo desapareceu, todas as coisas são novas» (2Cor 5,17). A letra recua, o espírito triunfa (Rom 7,6); a prefiguração passa, a verdade aparece (Col 2,17). 
“Ainda não há lugar para eles”, nem em Belém nem na Lampedusa. Natal é um sarcasmo? “Se teu Reino não é deste mundo”, que vens fazer aqui, subversivo, desmancha-prazeres? Para ser o Deus-conosco tens de sê-lo na impotência, com os pobres da Terra, assim, pequeno, assim, despido de toda glória, sem mais poder que o fracasso, sem mais lugar que a morte, mas sabendo que o Reino é o sonho de teu Pai, e também é o nosso sonho. Ainda há Natal, na Paz da Esperança, na vida partilhada, na luta solidária, Reino adentro, Reino adentro! (Pedro Casaldáliga - dezembro 2013)

DIREITO DE DEFESA

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Art. 5º  Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LV  - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recur
Senhor, a velocidade com que vivemos impede-nos de viver. Damos por nós ofegantes, fazendo por fazer, atropelados por agendas e jornadas. As coisas acontecem depressa demais, ninguém parece ter certeza de nada, nem de si mesmo. Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso e efémero. Ensina-nos o contrário disto, Senhor. Ensina-nos, Senhor, o aqui e o agora da escuta e da presença. Faz-nos reaprender o inteiro, o intacto, o verdadeiro, o afável, o fiel, o atento, o confiado. Faz-nos compreender que tal não só é possível como é o dom que nos está a ser oferecido nesta hora. Que ousemos assim transcender o nosso cálculo estreito; escolher mais vezes a vida silenciosa; valorizar encontros, gestos que sejam sementeiras, afetos onde se desenha a surpresa da misericórdia. A misericórdia é a arte de Deus e pode ser a

RECONHECER A VOZ E RECONHECER A PALAVRA

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja Sermão 293,3, para a natividade de São João Baptista; PL 38, 1327 (trad. bréviário 3.º dom. Advento, rev.) Reconhecer a voz; reconhecer a Palavra É difícil não confundir a palavra com a voz; foi por isso que tomaram João como o Messias: a voz foi confundida com a Palavra. Mas a voz reconheceu-se a si mesma como tal, para não lesar a Palavra, e disse: «Não sou Cristo, nem Elias, nem o profeta.» Quando lhe perguntaram: «Então quem és?», respondeu: «Eu sou a voz do que clama no deserto» (Jo 1,23). [...] Ele é a voz de quem quebra o silêncio: «Preparai o caminho do Senhor», como se dissesse: «Sou a voz que se faz ouvir apenas para introduzir a Palavra no vosso coração; mas esta não se dignará entrar onde pretendo introduzi-la se não lhe preparardes o caminho.» E que quer dizer «Preparai o caminho», senão: «Suplicai insistentemente»? Que quer dizer «Preparai o caminho», senão: «Sede humildes de coraç