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POESIA - AS TRÊS COROAS


As Três Coroas
Na sala do museu, as três coroas conversavam. 
Uma (a que era de ouro) disse às outras: 
"Eu fui de um poderoso rei. E curvei meu peso como uma pluma, ao peso bom das minhas jóias tutelares. 
Tive um reino a meus pés, com soldados e teares e torres brancas e altas como luas. 
Fui tudo: rica, poderosa e bela. 
Tive um reino a meus pés e um céu sobre nós dois. 
"Eu nasci na Grécia. Eu fui o gesto verde que abençoa. 
E inatingível para milhares, como uma promessa, gesticulei aos heróis e aos poetas do mundo. 
E junto a mim, eles lutaram bravamente, estenderam-me os braços, exauriram suas forças, desfaleceram e passaram. 
O amor passou também com froutas e lanças. 
E ergueu também seus braços para os meus... 
Mas o som cessou... e a glória efêmera passou. 
Nem sei qual foi a mão que me colheu, porque logo eu murchei". 
Então a terceira coroa, a coroa de espinhos, disse às outras: 
"Eu fui um espinheiro dos caminhos. 
Rejeitado, vivi só. Sempre só, escondendo veneno sob o pó. 
Mas, um dia, enrolaram-me à cabeça de um homem, que era como um sonhador, e belo como a poesia, e puro como o fogo. 
E sofrendo, e sofrendo, ele morreu comigo. 
Só então, fiquei sabendo que eu valia mais que tesouros e tesouros, mais que todas as coroas de ouro e todas as coroas de louro. 
Porque só eu ultrapassei a efemeridade, a vaidade, a glória humana. 
Porque só eu não coroei reis e heróis que se foram e foram esquecidos. 
Só eu fiquei, porque eu acenei para a glória eterna. 
Só eu que ainda não murchei".
                                                                                      Guilherme de Almeida
PELO SANGUE ENTRE OS ESPINHOS, CRISTO NOS DEU A VITÓRIA.

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