CF:
49 anos de amor ao próximo e referência democrática
|
||||||||
16/02/2012
|
||||||||
CNBB
Está chegando a Quaresma,
tempo em que a liturgia da Igreja convida os fiéis a se prepararem para a
Páscoa, mediante a conversão, com práticas de oração, jejum e esmola. E é
justamente na Quarta-Feira de Cinzas, que acontece um dos principais eventos da
Igreja Católica no Brasil, o lançamento da Campanha da Fraternidade. A CF, como
é conhecida, está na sua 49ª edição, é realizada todos os anos e seu principal
objetivo é despertar a solidariedade das pessoas em relação a um problema
concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos e apontando
soluções. Neste ano de 2012, a Campanha da Fraternidade destaca a saúde pública
e suas variantes. Com o tema “Fraternidade e Saúde Pública”, e o lema “Que a
saúde se difunda sobre a terra” (cf. Eclo 38,8); a CF de 2012 tentará refletir
o cenário da saúde no Brasil, conscientizando o Governo da precarização de
condições dos hospitais e mobilizando a sociedade civil para reivindicar
melhorias.
A CF é uma campanha
conhecida em todo o país e reconhecida internacionalmente. Mas você sabe quando
ela começou? Quem foram os seus criadores? A primeira Campanha da Fraternidade
foi idealizada no dia 26 de dezembro de 1963, sob influência do espírito do
Concílio Vaticano II.
Antes disso, o primeiro
movimento regional, que foi uma espécie de embrião para a criação do atual
modelo da “Campanha da Fraternidade”, foi realizado em Natal (RN), no dia 8 de
abril de 1962, por iniciativa do então Administrador Apostólico de Natal, dom
Eugenio de Araújo Sales, de seu irmão, à época padre, Heitor de Araújo Sales e
de Otto Santana, também padre. Esta campanha tinha como objetivo fazer “uma
coleta em favor das obras sociais e apostólicas da arquidiocese, aos moldes de
campanhas promovidas pela instituição alemã Misereor”, explicou dom Eugenio
Sales, em entrevista à arquidiocese de Natal, em 2009. A comunidade de
Timbó, no Município de Nísia Floresta (RN), foi o lugar onde a campanha ocorreu
pela primeira vez. Ao longo da história, as Campanhas abordaram questões
do compromisso cristão na sociedade. Em alguns casos, essas questões
discutidas geraram o surgimento de Pastorais ou serviços no seio da Igreja.
Foram levantados e debatidos temas como, em 1985, a questão da fome; em 1986, o
problema fundiário; em 1987, o tratamento do poder público para com o menor. Em
1988, a campanha apelou por uma adesão a Jesus Cristo; em 1989, conclamou o
povo a assumir uma postura crítica frente aos meios de comunicação social; em
1990, abordou a questão do gênero, chamando a atenção para a igualdade do homem
e da mulher, diante de Deus; em 1999, chamou a sociedade e o poder público para
discutir o problema do desemprego; em 2000, convidou as igrejas cristãs e a
sociedade a lutarem pela promoção de vida digna para todos. Em 2001, levantou o
problema das drogas e as consequências na vida das pessoas; em 2008, propôs o
debate sobre a defesa da vida; em 2011, falou sobre a vida no planeta.
Neste ano de 2012, a saúde
pública será o foco das discussões. De acordo com o arcebispo de Ribeirão
Preto, dom Joviano de Lima Junior, a saúde é “dom de Deus” e, enquanto tal, é
um direito que além de ser preservado precisa ser conquistado.