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Mostrando postagens de agosto, 2021

SETE COISAS PARA APRENDER COM O GALO

1.- O galo levanta-se cedo para cumprir a sua tarefa, ... mesmo que o tempo não esteja favorável. 2.- O galo não se recusa a cantar, ... em hipótese alguma. 3.- O galo continua a cantar, embora ninguém lhe agradeça, ... ou aplauda. 4.- O galo acorda quem dorme, ... mesmo que incomode. 5.- O galo anuncia novas notícias,… um novo dia! 6.- O galo é fiel à sua tarefa, ... aconteça o que acontecer. 7.- O galo nunca se queixa de fazer sempre a mesma coisa, ... cantar ao mesmo tempo. P.S. Faça o que fizer, faça sem reclamar, proclame coisas boas, cante, ria e aproveite a vida, mesmo que incomode os outros. Seja feliz! D.A

DOS ILUSTRES ASSASSINOS

  ROMANCE LXXXI ou DOS ILUSTRES ASSASSINOS Ó grandes oportunistas, sobre o papel debruçados, que calculais mundo e vida em contos, doblas, cruzados, que traçais vastas rubricas e sinais entrelaçados, com altas penas esguias embebidas em pecados! Ó personagens solenes que arrastais os apelidos como pavões auriverdes seus rutilantes vestidos, —  todo esse poder que tendes confunde os vossos sentidos: a glória, que amais, é desses que por vós são perseguidos. Levantai-vos dessas mesas, saí de vossas molduras, vede que masmorras negras, que fortalezas seguras, que duro peso de algemas, que profundas sepulturas nascidas de vossas penas, de vossas assinaturas. Considerai no mistério dos humanos desatinos, e no polo sempre incerto dos homens e dos destinos! Por sentenças, por decretos, pareceríeis divinos: e hoje sois, no tempo eterno, como ilustres assassinos. Ó soberbos titulares, tão desdenhosos e altivos! Por fictícia austeridade, vãs razões, falsos motivos, inutilmente matastes: —  vosso

DAS PALAVRAS AÉREAS

  ROMANCE LIII ou DAS PALAVRAS AÉREAS Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! ai, palavras, ai, palavras, sois de vento, ides no vento, no vento que não retorna, e, em tão rápida existência, tudo se forma e transforma! Sois de vento, ides no vento, e quedais, com sorte nova! Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! Todo o sentido da vida principia à vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota... A liberdade das almas, ai! com letras se elabora... E dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil como o vidro e mais que o aço poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam... Detrás de grossas paredes, de leve, quem vos desfolha? Pareceis de tênue seda, sem peso de ação nem de hora... —  e estais no bico das penas,     e estais na tinta que as molha,     e estais nas mãos dos juízes,     e sois o ferro que arrocha,     e sois barco para o exíl

Bispo de Rio Preto renuncia após vazamento de vídeo íntimo

Bispo de Rio Preto renuncia após vazamento de vídeo íntimo : O bispo de São José do Rio Preto (SP), dom Tomé Ferreira da Silva, renunciou após o vazamento de um vídeo íntimo seu na sexta-feira, 13 de agosto. O pedido de renúncia foi aceito pelo papa Francisco nesta quarta-feira, quando também nomeou como administrador apostólico dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto.
  A noite dissolve os homens [Carlos Drummond de Andrade] A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos. E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam. A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate, nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão. A noite caiu. Tremenda, sem esperança… Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros. E o amor não abre caminho na noite. A noite é mortal, completa, sem reticências, a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer, a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas suas fardas. A noite anoiteceu tudo… O mundo não tem remédio… Os suicidas tinham razão. Aurora, entretanto eu te diviso, ainda tímida, inexperiente das luzes que vais acender e dos bens que repartirás com todos os homens. Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações, adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna. O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos, teu

DOM VALDEMIR FERREIRA DOS SANTOS É NOMEADO NOVO BISPO DA DIOCESE DE PENEDO (AL)

  LEIA

Não há vagas - Ferreira Gullar

  Não Há Vagas O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras - porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira * Marca a obra de Ferreira Gullar a poesia participante e engajada. Neoconcretismo - tentativa de superar o objetivismo concretista. A poesia concreta é um projeto poético que prima pelo significante. Trabalha a partir de imagens. "Não tem como interpretar um poema. O poema é a sua própria interpretação" Mário Quintana. 
 Dispensados devem ser os que nos retiram as forças, mesmo que sutilmente, ou que quase nem percebamos. Os piores golpes são os silenciosos!  Osman Lins

A palavra

  "A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro; a palavra foi feita para dizer" Graciliano Ramos
  Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973.

O QUE DEUS DESEJA DE MIM?

 " Preciso, em primeiro lugar, ver claramente que o que Deus deseja de mim  sou eu mesmo . Isso equivale a dizer que a sua vontade me aponta uma direção: conhecer, descobrir, expandir o meu eu, o meu eu verdadeiro, em Cristo." Thomas Merton
 " Por uma série de razões, que aqui não há lugar para explicar, a eucaristia se deformou na Igreja até o ponto em que já é praticamente impossível reconhecer o que fez Jesus. E não falamos se se trata de uma missa pontifical solene numa catedral. O problema está em que a eucaristia teve sua origem nas comidas de Jesus com as pessoas, especialmente na multiplicação dos pães e na ceia de despedida. Mas tudo isso desapareceu. E   a comida compartilhada   converteu-se em   um cerimonial religioso   que além disso não se entende e a muita gente nem interessa. Ademais, a missa se organizou de forma que a atenção dos crentes se centra na presença de Jesus Cristo e na comunhão. Outros, o que desejam é que a missa lhes aproveite para que fiquem melhores, para rezar para um defunto ou quiçá outra intenção. Assim são as coisas, a muitos que vão à missa não lhes interessa o que de verdade quis Jesus: a   comensalidade , a mesa compartilhada, destinada a construir uma comunidade humana basead

Sermão vigésimo sétimo do rosário Padre Antonio Vieira

“Uma das grandes cousas que se veem hoje no mundo, e nós pelo costume de cada dia não admiramos, é a transmigração imensa de gentes e nações etíopes, que da África continuamente estão passando a esta América. Entra uma nau de Angola, e desova no mesmo dia quinhentos, seiscentos e talvez mil escravos. Os israelitas atravessaram o Mar Vermelho, e passaram da África à Ásia, fugindo do cativeiro; estes atravessam o mar oceano na sua maior largura, e passam da mesma África à América e para viver e morrer cativos. Os outros nascem para viver, estes para servir. Nas outras terras do que aram os homens, e do que fiam e tecem as mulheres, se fazem os comércios: naquela o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende, e se compra. Oh trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias, e os riscos das próprias! Já se depois de chegados olharmos para estes miseráveis, e para os que se chamam seus senhores
  Dilema O que muito me confunde é que no fundo de mim estou eu e no fundo de mim estou eu. No fundo sei que não sou sem fim e sou feito de um mundo imenso imerso num universo que não é feito de mim. Mas mesmo isso é controverso se nos versos de um poema perverso sai o reverso. Disperso num tal dilema o certo é reconhecer: no fundo de mim sou sem fundo. António Cícero
  TEXTO:  O HOMEM; AS VIAGENS O homem, bicho da Terra tão pequeno Chateia-se na Terra Lugar de muita miséria e pouca diversão, Faz um foguete, uma cápsula, um módulo Toca para a Lua Desce cauteloso na Lua Pisa na Lua Planta bandeira na Lua Experimenta a Lua Coloniza a Lua Civiliza a Lua Humaniza a Lua. Lua humanizada: tão igual à Terra. O homem chateia-se na Lua. Vamos para Marte – ordena a suas máquinas. Elas obedecem, o homem desce em Marte Pisa em Marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza Marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado Vamos a outra parte? Claro – diz o engenho Sofisticado e dócil. Vamos a vênus O homem põe o pé em Vênus, Vê o visto – é isto? Idem Idem Idem. O homem funde a cuca se não for a Júpiter Proclamar justiça junto com injustiça Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitório. Outros planetas restam para outras colônias. O espaço todo vira Terra-a-terra. O homem chega ao Sol ou dá uma volta Só para tever? Não-vê que ele inventa Roupa insider

Carlos Drummond de Andrade: "Confissão"

Confissão É certo que me repito, é certo que me refuto e que, decidido, hesito no entra-e-sai de um minuto. É certo que irresoluto entre o velho e o novo rito, atiro à cesta o absoluto como inútil papelito. É tão certo que me aperto numa tenaz de mosquito como é trinta vezes certo que me oculto no meu grito. Certo, certo, certo, certo que mais sinto que reflito as fábulas do deserto do raciocínio infinito. É tudo certo e prescrito em nebuloso estatuto. O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto. ANDRADE, Carlos Drummond de. "Confissão". In:_____. "As impurezas do branco". In:_____.  Poesia e prosa.  Rio de Janeiro: Nova Aguiolar, 1988.

Jesus, o Pão da Vida -

"Sem contemplações e com palavras duríssimas, Jesus desvenda logo, de forma clara e solene, a sonolência e incompreensão que os habita: «Em verdade, em verdade, vos digo: “Vós procurais-me, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e enchestes a barriga como animais ( chortázô )”» (João 6,26). A comparação é forte e de denso sabor profético. O verbo usado é  chortázô , derivado de  chórtos , que significa «erva seca», «feno», «palha». No dizer de Jesus, aquela multidão comeu como comem os animais. E, no fim, deitam-se a dormir. Até ao dia seguinte. A comida dos animais também é dom de Deus, mas eles não se apercebem, nem agradecem. Do mesmo modo, a multidão come e dorme. Não vê nem lê «sinais». O alimento recebido não dá que pensar e que rezar. Não se apercebe que o alimento é dom de Deus, e que remete, portanto, para Deus.  E tão-pouco entendem que está ali o verdadeiro  pão da vida  (João 6,35). Não veem nem ouvem Jesus, e o sentido novo que traz para a vida das pes