Exortação apostólica «Evangelii Gaudium / A alegria do evangelho» §§ 265-267 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)
Toda a vida de Jesus, a sua forma de tratar os pobres, os seus gestos, a sua coerência, a sua generosidade simples e quotidiana e, finalmente, a sua total dedicação, tudo é precioso e fala à nossa vida pessoal. Todas as vezes que alguém volta a descobri-lo, convence-se de que é disso mesmo que os outros precisam, embora não o saibam […]. Às vezes perdemos o entusiasmo pela missão, porque nos esquecemos de que o Evangelho dá resposta às necessidades mais profundas das pessoas, porque todos fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno. […] Temos à nossa disposição um tesouro de vida e de amor que não pode enganar, a mensagem que não pode manipular nem desiludir. É uma resposta que desce ao mais fundo do ser humano e que pode sustentá-lo e elevá-lo. É a verdade que não passa de moda, porque é capaz de penetrar onde nada mais pode chegar. A nossa tristeza infinita só se cura com um amor infinito. […] Unidos a Jesus, procuramos o que Ele procura, amamos o que Ele ama. Em última instância, o que procuramos é a glória do Pai, vivemos e agimos «para que seja prestado louvor à glória da sua graça» (Ef 1,6). Se queremos entregar-nos a sério e com perseverança, esta motivação deve superar toda e qualquer outra. A motivação definitiva, a mais profunda, a maior, a razão e o sentido último de tudo o resto é esta: a glória do Pai que Jesus procurou durante toda a sua existência. Ele é o Filho eternamente feliz, com todo o seu ser «no seio do Pai» (Jo 1,18). Se somos missionários, é antes de tudo porque Jesus nos disse: «A glória do meu Pai [consiste] em que deis muito fruto» (Jo 15,8). Independentemente de nos convir, de nos interessar, de nos aproveitar ou não, para além dos estreitos limites dos nossos desejos, da nossa compreensão e das nossas motivações, evangelizamos para a maior glória do Pai que nos ama.
PAPA FRANCISCO