Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra a
nação ímpia. Livra-me do homem fraudulento e injusto.
Pois tu és o Deus da minha fortaleza; por que me rejeitas?
Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?
Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me
levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos.
Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande
alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.
Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas
dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da
minha face e Deus meu.
Salmos 43:1-5(Salmo 42)
“Assim cantou Davi, banido pelo furor dos maus: Seja Deus o
meu juiz e o meu patrono!
Posto que fosse Deus apenas rigoroso, ainda assim eu o quero
por meu juiz, porque nele está justiça, nobreza, sabedoria.
Deus tudo vê, tudo sabe, tudo conhece. Tudo pesa ao rigor da
verdade, longe da malícia e da paixão. E no juízo divino, as palavras se respeitam
e os fatos não se ocultam.
Davi, perseguido e foragido, anda oprimido e aterrado pela
fúria dos iníquos e dolosos, homens falsos e maldosos, e sedentos da ruína
alheia.
Até que ponto leva esta cobiça!
Até as palavras se arrancam do seu texto e se arrastam do
contexto, como as águas do seu leito e curso próprio, para um sentido estranho e
perigoso, e agora torcidas, contorcidas,retorcidas; transformadas, deformadas;
invertidas, pervertidas, subvertidas; tomadas ao contrário do que dizem – até as
palavras, assim traídas, se violentam e desvirtuam, e se tornam em subsídio
para a injúria e pretexto para a injustiça:
‘Onde reina a malícia está o receio
que a faz imaginar no peito alheio’.
Sob o jugo da má-fé, até os fatos se alteram – ou se criam
onde os não há, ou se negam onde existem. São fatos que se imaginam –
futuríveis que se maquinam – e asseveram, por havidos se proclamam; e os
havidos, ainda que evidentes, se renegam, nos limites de convicções previamente
estabelecidas.
Porque, ‘se à cegueira do entendimento se ajunta a
desafeição da vontade, que lugar pode ter a verdade, sem a justiça?’
Tudo é vão! Nem há valor que se respeite, nem evidência que
se alcance.
[...]
Do prejulgar e presumir ao prejuízo de condenar está mui
curto e fácil vir, que antigo vezo é deformar em monstro àquele que se intenta
destruir.
O padre Antônio Vieira, após conhecer da malícia e da
iniquícia de humanos julgamentos, considera que a ‘a maior parte de seus
efeitos vem a cair principalmente sobre os bons, os quais padecem maiores
riscos e danos que os maus’.
Seja Deus o meu juiz e o meu patrono, porque nele está
grandeza e misericórdia” (E. da R. Lima)