Assim fala Fernando Pessoa no seu comentário vieiriano: “Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ipsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.”
E conclui o poeta da Mensagem: “Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu ver o manto régio, pelo qual é senhora e rainha”. (A ortografia é portuguesa e actualizada).