Pular para o conteúdo principal

"Segue o teu coração" D Nuno Brás

O mundo contemporâneo gosta de resumir em frases de tipo publicitário algumas das atitudes importantes para a vida. Muitas vezes é mesmo desse modo que os próprios evangelhos são tratados: um conjunto de pensamentos sábios, proferidos por um “guru” igual aos demais (eventualmente mais santo que os outros, mas, no fundo, um homem como todos). É óbvio que os evangelhos não são isso; e que Jesus não é simplesmente um homem mais sábio que os outros: é Deus feito homem, é o Filho de Deus. Mas isso são outras questões.
Entre as muitas frases que vemos por aí a circular, vulgarizou-se uma que escutamos com bastante frequência: “segue o teu coração”. Como que a dizer: faz o que o teu coração deseja; vai por onde os teus sentimentos te indicam; não escutes o que os outros dizem; não tenhas em conta aquilo que está à tua volta.
A frase mostra bem o modo de pensar e de viver do mundo contemporâneo: cada um deve seguir, egoisticamente, o seu caminho, sem pensar em mais nada e em mais ninguém a não ser em si mesmo – até porque a morte espreita a cada momento (e – não é dito, mas subentende-se – já que temos que morrer, então façamos o que nos apetece, gozemos da vida em vez de nos preocuparmos com os outros).
No fundo, e recordando a parábola do Bom Samaritano que escutámos no passado Domingo, o sacerdote e o levita seguiram o seu coração: viram o homem quase morto à beira da estrada, e seguiram o seu caminho. O Samaritano foi o único que não seguiu o seu coração: deixou-se interpelar por aquele desconhecido, abandonado e prestes a morrer; por sua causa esqueceu-se dos seus projectos, desviou-se do percurso que tinha traçado.
Vivemos demasiado centrados em nós mesmos. Vivemos a partir de nós mesmos, sem pensarmos nos que nos rodeiam e sem pensar que seriamos nada sem os outros e o mundo lá fora. Parece que somos o centro do mundo e que a cada hora que passa temos que desfrutar tudo como se tudo fosse acabar no momento seguinte. No fundo, esquecemo-nos dos outros, de Deus e da vida eterna. Perdemo-nos a olhar para o nosso umbigo, tornamo-nos bem mais pequenos, e vivemos bem mais infelizes… a seguir cada um o seu coração.

Postagens mais visitadas deste blog

ORAÇÃO PARA SER REZADA TODOS OS DIAS

 Ave Maria  de  Alta Graça         Ave Maria de Alta Graça, Luz Divina que o sol embaça, Ave Maria Paz e Minha Guia, me acompanhe neste dia Deus e a Virgem Maria, o mar se abrande, cessem os perigos, retrocedei todos os viventes que estiverem neste dia contra mim; Se tiverem pés não me alcancem, braços não me toquem, olhos não me enxerguem e língua não me falem; Faltem as forças a todos aqueles que me quiserem fazer o mal. Eu com o Manto de Nosso Senhor Jesus Cristo serei coberto, com seu sangue, serei baforado, não serei preso e nem amarrado; Viverei em paz e harmonia assim como viveu Nosso Senhor Jesus Cristo no ventre puríssimo de Sua Mãe Maria Santíssima.

Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero

  SANTO ANTÔNIO Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero A palavra é viva quando são as obras que falam Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as veem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras. Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o Espírito Santo os inspirava (cf. At 2,4). Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme suas ideias! Pois há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usa...

LIVRES PARA AMAR

  LIVRES PARA AMAR Lembrei-me do que Chiara nos tinha dito um dia - sempre nos tempos de guerra, quando cada instante teria podido ser o último e vivíamos, portanto, sempre diante da morte. Chiara havia dito naquela vez: “É preciso acabar com o passado: o passado é passado; se vocês querem perder tempo pensem no passado. O futuro não nos pertence, está nas mãos de Deus. Deus não é aquele que foi ou aquele que será: é aquele que é. Se vocês pedem perdão a Deus e começam uma vida nova, naquele instante Ele perdoa, e vocês começam a amá-Lo com toda mente, com todas as forças e com todo coração. A misericórdia de Deus desce sobre vocês, e a misericórdia de Deus é Deus mesmo, é como um manto de ouro...”.. (Ginetta, uma vida pelo Ideal da unidade, Cidade Nova, 2006, pp. 129-130)