De acordo com os
ensinamentos de Eduardo Bianca Bittar, a pós-modernidade significa “o estado
reflexivo da sociedade ante as suas próprias mazelas, capaz de gerar um
revisionismo completo de seu modus
actuandi et faciendi, especialmente considerada a condição de superação do
modelo moderno de organização da vida e da sociedade. Nem só de superação se
entende viver a pós-modernidade, pois o revisionismo crítico importa em
praticar a escavação dos erros do passado para a preparação de novas condições
de vida. A pós-modernidade é menos um estado de coisas, exatamente porque ela é
uma condição processante de um amadurecimento social, político, econômico e
cultural, que haverá de alargar-se por muitas décadas até a sua consolidação.
Ela não encerra a modernidade, pois, em verdade, inaugura sua mescla com os
restos da modernidade”( BITTAR, Eduardo C. B. O
direito na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2005. p. 97-100).
Já a conclusão a que chega Hilton Ferreira Japiassu, merecendo
destaque os seus dizeres, é a seguinte:
“Diria
que a chamada ‘pós-modernidade’ aparece como uma espécie de Renascimento dos
ideais banidos e cassados por nossa modernidade racionalizadora. Esta
modernidade teria terminado a partir do momento em que não podemos mais falar
da história como algo de unitário e quando morre o mito do Progresso. É a
emergência desses ideais que seria responsável por toda uma onda de
comportamentos e de atitudes irracionais e desencantados em relação à política
e pelo crescimento do ceticismo face aos valores fundamentais da modernidade.
Estaríamos dando Adeus à modernidade, à Razão (Feyerabend)? Quem acredita ainda
que ‘todo real é racional e todo racional é real’ (Hegel)? Que esperança
podemos depositar no projeto da Razão emancipada, quando sabemos que se
orientou para a instrumentalidade e a simples produtividade? Que projeto de
felicidade pessoal pode proporcionar-nos um mundo crescentemente racionalizado,
calculador e burocratizado, que coloca no centro de tudo o econômico, entendido
apenas como o financeiro submetido ao jogo cego do mercado? Como pode o homem
ser feliz no interior da lógica do sistema, onde só tem valor o que funciona
segundo previsões, onde seus desejos, suas paixões, necessidades e aspirações
passam a ser racionalmente administrados e manipulados pela lógica da eficácia
econômica que o reduz ao papel de simples consumidor?”(A
crise da razão no ocidente(on line))