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Mulher em frente ao espelho -Picasso


Este quadro de Picasso que se entitula de Mulher em frente ao espelho representa para mim muitas das questões que se passam no nosso dia-a-dia, no interior do nosso ser. Sem querer optar pelas interpretações mais comuns e oficiais desta obra, prefiro olhar para ela como reflexo do que se passa na nossa sociedade, nos dias que correm. Na minha opinião, as nossas prioridades estão de tal forma trocadas, damos tanta importância àquilo que os outros afirmam acerca de nós, que temos cada vez mais dificuldades em ver o nosso próprio eu. De tal modo que, olhamos para o espelho e o que vimos não é, nem de perto de longe, o que lá está. Perdemos a noção daquilo que verdadeiramente somos, das nossas potencialidades, das nossas virtudes, das nossas múltiplas belezas. A imagem tornou-se tão importante nos dias que correm que chega a fazer com que fiquemos doentes se não gostamos daquilo que vemos em nós. E, então, olhamo-nos ao espelho e vemos uma cara triste em vez de um sorriso, um lado negro, em vez de uma face pura e inocente. Vemos o nosso corpo desproporcionado e a nossa mente desvirtuada e cada vez mais desiludida. É como se uma cegueira se apoderasse de nós e não nos permitisse ver o que realmente lá está. E a cegueira vai perdurar, só deixando de existir, quando nós próprios pensarmos por nossa cabeça. Quando formos nós a estipular quais são os padrões e os modelos que devemos de seguir, quais são merecedores do nosso respeito e da nossa empatia. 

Não deixemos então que nos definam, que nos digam quem somos e como devemos aparentar, sejamos nós os nossos donos, afirmando orgulhosamente as nossas virtudes e defeitos, sem nos moldarmos àquilo que esperam de nós. E aí sim, seremos nós próprios a construir o nosso ser, abandonaremos a corrente e pensaremos livremente. O espelho, ou o retrato, no caso de Dorian Gray, não refletirá o melhor ou o pior de nós, será apenas o reflexo daquilo escolhemos ser e isso representará a nossa verdadeira liberdade.Antonio Mota

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