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«Quem não deve, não teme». Jesus e a Samaritana.

O encontro de Jesus com a Samaritana sempre me seduziu. E esta sedução pouco tem a ver com a questão da água viva, tão relevada pela teologia e pela pastoral. O que mais me seduz é o à vontade com que Jesus se encontra com as pessoas. A frontalidade, a franqueza, a cordialidade... Este encontro com esta mulher lembra-me desde sempre aquele provérbio bem português: «Quem não deve, não teme».
 
Jesus sabe quem são os samaritanos. Sabe que os verdadeiros judeus não se relacionam com estes, por não serem puros. Jesus também sabe que um homem nunca ficava a falar sozinho com uma mulher. Ainda por cima junto a um poço. Este era a "praça pública" do seu tempo, onde se encontravam as pessoas para os mais variados assuntos da vida diária.  E àquela hora, era uma mulher que "fugia" dos outros. Sabemos pelo evangelho que tinha um homem que não era seu marido…
 
Temos tudo o que é necessário para construir uma péssima fama à volta do Senhor... Apesar deste "cenário", vemos Jesus em "alegre cavaqueira" com esta mulher samaritana.
 
Jesus, que podia ter evitado a passagem pela Samaria, sabe que tem de lá ir. Sabe que veio não apenas para os judeus, mas para todos. Porque a sua missão é essa, não teme. Porque sabe que a sua missão é para os que mais precisam, não evita a mulher que tem má fama mesmo junto dos próprios samaritanos. Diz quem é e, como sabemos, permanece por dois dias entre eles. Não foge. Não se esconde. Não evita. Não se fecha.Paulo Victoria

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