“Na Igreja, também há quem trabalhe contra o Evangelho''.
Artigo de Enzo Bianchi
Não basta se dizer crente em Cristo; é preciso se dizer e
ser seguidor de Jesus na forma ditada pelo Evangelho que, antes de ser um livro
quadriforme, é a vida do homem Jesus.
[...] é preciso discernir quando se fala de Igreja. Não se
trata de gostar de posições elitistas, de se alegrar sentindo-se entre poucos,
nem de se sentir vítimas, como afirmavam muitos pregadores do século XIII: Duo
sunt ecclesiae, "duas são as Igrejas," uma que persegue, a outra que
é perseguida. Trata-se de não pensar em "vencer", em "se
impor", mas sim em saber discernir, na medida do possível, um núcleo que
olha para Cristo como para o Evangelho e, para o Evangelho, como para Cristo,
sem distinções ou separações: um núcleo que ouve o Evangelho, que permite que a
sua vida seja moldada pelo Evangelho; um núcleo de fiéis que, apesar de suas
inadequações e contradições provocadas pelo Evangelho, quer que o Evangelho
vença sobre si mesmos; um núcleo que conhece o fogo do Evangelho, aquele fogo
que é redespertado por baixo das cinzas pelas quais às vezes parece estar
coberto, todas as vezes que um homem ou uma mulher o busca.
Sim, o cristão deve saber que no povo de Deus também, na
Igreja também, pode haver aqueles que trabalham contra o Evangelho, aqueles que
se dizem cristãos e consideram o Evangelho uma utopia, que dizem crer em Deus
em Cristo, mas que riem das palavras de Jesus, do seu Evangelho
-A opinião é do monge e teólogo italiano Enzo Bianchi, prior
e fundador da Comunidade de Bose, em artigo publicado na revista Jesus, de
janeiro de 2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto
Fonte: IHU