Homilia atribuída a São Macário (?-390), monge do Egito
Homilias espirituais, nº 33
Homilias espirituais, nº 33
Pela oração, vigiar à espera de Deus
Para rezar, não são precisos gestos, nem gritos, nem silêncio, nem genuflexões. A nossa oração, ao mesmo tempo sábia e fervorosa, deve ser uma espera de Deus, até que Ele venha visitar a nossa alma por todas as suas vias de acesso, por todos os seus caminhos, por todos os seus sentidos. Demos tréguas aos nossos silêncios, aos nossos gemidos, aos nossos soluços: não procuremos na oração senão o abraço apertado de Deus.
Não é verdade que, no trabalho, empregamos todo o nosso corpo num mesmo esforço? Não colaboram nisso todos os nossos membros? Pois que também a nossa alma se consagre toda à oração e ao amor do Senhor; que não se deixe distrair nem bloquear com pensamentos; que toda ela seja espera de Cristo. Então Cristo a iluminará, lhe ensinará a verdadeira oração, lhe concederá a súplica pura e espiritual de acordo com a vontade de Deus, a adoração «em espírito e verdade» (Jo 4,24).
Aquele que exerce um comércio não procura simplesmente ter lucro. Esforça-se também, por todos os meios, por aumentá-lo e acrescentá-lo: empreende novas viagens e renuncia às que lhe parecem não trazer proveito; só parte com a esperança de um negócio. Como ele, saibamos também conduzir a nossa alma pelos caminhos mais diversos e mais oportunos e adquiriremos, oh ganho supremo e verdadeiro, esse Deus que nos ensina a rezar na verdade.
O Senhor repousa numa alma fervorosa, faz dela o seu trono de glória, ali Se senta e ali permanece.
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