(Ap 22, 17), “Quem tem sede, venha”.
No trecho do Apocalipse, as palavras usadas são “quem tem
sede”, “quem quiser” – expressões que se referem a nós. “Estamos tão próximos
da fonte e vamos para tão longe, perdidos em desertos, em busca da torrente que
nos mate a sede e ignorando assim ‘o dom que Deus tem para nos dar”
A dor da nossa sede
Não é fácil reconhecer que sentimos sede, “porque a sede é
uma dor que se descobre pouco a pouco dentro de nós”, por trás das nossas
habituais narrações defensivas ou idealizadas.
Há uma violência no mundo e em nós mesmos que vem da sede,
do medo da sede, do pânico de não ter as condições de sobrevivência garantidas.
“Nós nos revoltamos uns contra os outros. A dor da nossa sede é a dor da
vulnerabilidade extrema, quando os nossos limites nos comprimem.”
Há o consumismo dos
centros comerciais, mas há e não devemos nos esquecer que existe também um
consumismo na vida espiritual. As sociedades que impõem o consumo como critério
de felicidade transformam o desejo numa armadilha.
O objeto do nosso desejo é uma entidade ausente, um objeto
inesgotável. O Senhor, porém, não cessa de nos dizer: «Quem tem sede, venha;
quem quiser, tome de graça da água da vida».
O caminho da nossa sede
Existem muitos modos
de enganar as necessidades que nos dão vida e adotar uma atitude de evasão
espiritual sem jamais, porém, se conscientizar de que estamos em fuga.
Também aqui, como em outros âmbitos da vida, a verdadeira
conversão não consistirá em belas teorias, mas em decisões que resultem de uma
efetiva conscientização das nossas necessidades.
Nem que fosse um único copo de água
«Quem tiver sede,
venha …» Certamente não bebemos para matar a sede. Jesus sabe que um simples
copo de água que damos ou recebemos não é algo banal. É um gesto que dialoga
com dimensões profundas da existência, porque vai ao encontro daquela sede que
está presente em todo ser humano, e é sede de relação, de aceitação e de amor.
“Carregamos conosco tantas sedes. A sede é um patrimônio
biográfico que somos chamados a reconhecer e do qual somos gratos. Depositemos
em Deus a nossa sede.”