Soneto ao tempo
Por ser tempo, é que o tempo não me basta
e se escoa, cantante, pelas margens
da vida feita de água que o arrasta
para o mal-entendido das viagens.
Por ser tempo, é que o tempo não me basta
e se escoa, cantante, pelas margens
da vida feita de água que o arrasta
para o mal-entendido das viagens.
E leva tudo em seu roldão, deixando
perdido o tempo achado, como a fonte
se perde no existir, e vai cantando
entre as pedras e os bosques do horizonte.
perdido o tempo achado, como a fonte
se perde no existir, e vai cantando
entre as pedras e os bosques do horizonte.
Quadrante do real, ó velho espelho
dos dias, debruçado em ti, me vejo
igual e diferente, moço e velho,
dos dias, debruçado em ti, me vejo
igual e diferente, moço e velho,
sonho a que me assemelho no desejo.
E o tempo, eternidade decaída,
é meu contemporâneo, sendo a vida.
– Lêdo Ivo, do livro “Poesia completa – Lêdo Ivo”. 2004.
E o tempo, eternidade decaída,
é meu contemporâneo, sendo a vida.
– Lêdo Ivo, do livro “Poesia completa – Lêdo Ivo”. 2004.