Na Cruz vemos que o silêncio de Jesus é a sua última palavra ao Pai, mas vemos também como Deus fala através do silêncio. De facto, a dinâmica feita de palavra e silêncio, que caracteriza a oração de Jesus, manifesta-se também na nossa vida de oração em duas direções. Por um lado, ensina-nos que a escuta e o acolhimento da Palavra de Deus exige o silêncio interior e exterior, afastando-nos de uma cultura barulhenta que não favorece o recolhimento. Por outro lado, há também o silêncio de Deus na nossa oração, que muitas vezes gera em nós a sensação de abandono. Mas, olhando para o exemplo de Cristo, sabemos que esse silêncio não é ausência: Deus está sempre presente e nos escuta. E, assim, podemos dizer que Jesus nos ensina a rezar, não só com a oração do Pai nosso, mas também com o exemplo da sua própria oração, indicando-nos que temos necessidade de momentos tranquilos vividos na intimidade com Deus, para escutarmos e chegarmos à «raiz» que sustenta e alimenta a nossa vida.
[Bento XVI, 7.3.2012]