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Calar

O ditado diz “a palavra é de prata, o silêncio é de ouro”; por quê? Porque as nossas palavras, como fato material, podem trazer-nos dissabores, o que é uma coisa real. Como se calar-se fosse uma coisa de nada! Quando é o maior dos perigos! O homem que se cala fica, com efeito, reduzido ao diálogo consigo próprio e a realidade não o vem socorrer castigando-o, fazendo recair sobre ele as consequências das suas palavras. Nesse sentido não, nada custa calar-se. Mas aquele que sabe onde há que temer, receia precisamente mais que tudo qualquer má ação, qualquer crime duma orientação interior que não deixe vestígios exteriores. Aos olhos do mundo, o perigo está em arriscar, pela simples razão de se poder perder. “Evitar os riscos”, eis a sabedoria. Contudo, a não arriscar, que espantosa facilidade de perder aquilo que, arriscando, só dificilmente se perderia, por muito que se perdesse, mas de toda a maneira nunca assim, tão facilmente, como se nada fora: a perder o que? A si próprio. Porque se arrisco e me engano, seja! A vida castiga-me para me socorrer. Mas se nada arriscar, quem me ajudará? Tanto mais que nada arriscando no sentido mais lato (o que significa tomar consciência do “eu”) ganho ainda por cima todos os bens deste mundo — e perco o meu “eu”.
— Kierkegaard, Soren Aabye. In O Desespero Humano (Doença até a Morte). Os Pensadores. São Paulo: 1979, p. 211.

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