"18 de março de 1959
O velho e o novo.
Para o 'homem velho' tudo é velho - ele já viu tudo ou pensa que já viu. Perdeu a esperança de qualquer coisa nova. O que lhe agrada é o 'velho' ao qual se agarra, temendo perdê-lo, mas certamente não feliz com isso. Ele assim se mantém 'velho' e não pode mudar. Não está aberto para nenhuma novidade. Sua vida está estagnada e é inútil. Ainda que possa haver muito movimento - são mudanças que nada mudam. 'Plus ça change, plus c'est la même chose.'
Para o 'homem novo' tudo é novo. Até o que é velho transfigura-se no Espírito Santo e é sempre novo. Não há nada a que se agarrar. Não há nada a esperar do que já é passado - e é nada.
O homem novo é o que é capaz de descobrir a realidade onde ela não pode ser vista pelos olhos da carne - onde ela passa a existir no momento em que ele a vê. E onde ela não existiria (pelo menos para ele) se ele não a visse."
Thomas Merton, "Merton na Intimidade - Sua Vida em Seus Diários", Fisus 2001, pág. 156.