Já o Sócrates dos diálogos platônicos era chamado atopos, isto é, "inclassificável". O que o torna atopos é precisamente ser "filósofo" no sentido etimológico da palavra, isto é, ser amante da sabedoria. Pois a sabedoria, diz Diotima no Banquete de Platão, não é um estado humano, é um estado de perfeição no ser e no conhecimento que só pode ser divino. É o amor a essa sabedoria estranha ao mundo que torna o filósofo estranho ao mundo.
Pierre Hadot, Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga