FÉ VIVA!
"A tendência de nossa sociedade moderna, e de todo o pensamento e cultura que ela encerra, é negar e ridicularizar essa conscientização simples, natural, e tornar o homem, desde o início, medroso e envergonhado em relação à fé.
O primeiro passo, pois, para a fé viva é, como sempre tem sido, de um modo ou de outro, uma negação e rejeição das normas de pensamento aceitas com agrado pela dúvida racionalista. E, em realidade, na prática, isso geralmente significa, não a rejeição da 'razão' e a aceitação da 'fé', mas, antes, a escolha entre duas crenças.
Uma seria a fé humana, limitada, externa, na sociedade humana, com todo o seu patrimônio inerte de suposições e preconceitos, uma fé baseada no medo da solidão e na necessidade de 'pertencer' a um grupo, aceitando suas normas com passiva aquiescência.
Ou, em segundo lugar, uma fé naquilo que não 'vemos'. Fé num Deus transcendente e invisível, fé que vai além das provas, fé que exige revolução interior de todo o nosso ser e uma reorientação de nossa existência 'em sentido contrário' à orientação seguida pelo preconceito mundano.
Tal fé é uma aceitação completa, não só da existência de Deus como uma hipótese conveniente que torna o cosmos mais inteligível aos nossos olhos, mas como centro e sentido de toda existência e, mais especialmente, de nossa própria vida."
Thomas Merton, "Vida e Santidade", Herder 1965, pág. 116-117