Pular para o conteúdo principal

O SER HUMANO - por Edson Lira


Quando olhamos diferenciadamente, é de uma obviedade cristalina que o ser humano reflete-se sob vários prismas. Ele é um diamante polifacetado. Existem conjuntos de análise epistemológica que envolve o objeto-ser humano. Há imagens do ser humano, visões do mundo, representações paracientíficas do ser humano, da sociedade, etc. Não há um único olhar, mas olhares. Não há monotonia e sim politonia.
         Vaz, (1991, p. 160-161) ao apreciar a vastidão epistemológica que o ser humano acumulou sobre si mesmo, no decurso do tempo, essa abundância cognitiva formaria polos epistemológicos ou centros de referência privilegiados que organizariam a compreensão do ser humano ou se formariam “imagens do ser humano” e assim acentuariam os aspectos da realidade humana investigados por esse ou aquele grupo de ciências.
         Adverte o autor sobre o perigo do procedimento reducionista que tenta enquadrar a complexidade das manifestações do fenômeno (o que aparece) humano a uma matriz explicativa única.
         Sublinha o referido autor que a visão integral do homem tentará uma articulação entre as várias abordagens, sempre evitando o reducionismo. Arremata o autor que não se contente com simples justaposição, mas proceda dialeticamente, integrando os vários aspectos do ser humano uno e diverso.
         A dialética, em termos gerais, é a relação dos contrários, é incluir e excluir, é antítese diante da tese, gerando uma nova síntese. É um movimento e não um monumento.
         A humanidade consiste no ser homem que é sempre um “tornar-se homem”, um fazer-se homem”, um atualizar-se a potencialidade. Numa observação do óbvio ululante, podemos afirmar que o ser humano é estruturalmente indigente: padece da mais elementar necessidade: a comida e de tantas outras carências: casa, vestuário, de cuidados, de companhia, de cultura, de ética, de coerência, de confiança, etc. Não é apenas uma constatação  esta indigência estrutural, mas uma indicação de uma tarefa, é a gramática de um dever: a tarefa e o dever de sanar a indigência. Permite esse reconhecer a imperfeição do ser. O ser humano é um ser pluridimensional.
          Ele não se esgota em uma única afirmação. Cada ciência tem limitado ângulo de visão sobre o fenômeno humano.  Dimensões são direções de extensão, que pertencem à essência do respectivo ser. Assim, por exemplo, os corpos tem a dimensão de profundidade. Também o ser humano “se extende”, “ex-stático”, é “ex-sistente”, isto é, tem direções em que se relaciona e se atualiza (RABUSKE, 2003, p. 119). O ser humano é um ser em êxodo (= saída).
         O homem é ser que fala, que pensa, que sente, é um ser social (não vive, convive, a lei da sociabilidade está inscrita no ser humano).
         O reducionismo poderá levar a um absolutismo. Logo, a visão ampliada trará uma melhor compreensão. Estes prolegômenos tem a finalidade que o afirmado sempre poderá ser temperado, visto e revisto para ver melhor.
Edson Lira - advogado

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RABUSKE, Edivino A. Antropologia filosófica. 9 ed. Petrópolis: Vozes, 2003
VAZ, Henrique C. L. Antropologia filosófica. São Paulo: Edições Loyola, 1991.

Postagens mais visitadas deste blog

ORAÇÃO PARA SER REZADA TODOS OS DIAS

 Ave Maria  de  Alta Graça         Ave Maria de Alta Graça, Luz Divina que o sol embaça, Ave Maria Paz e Minha Guia, me acompanhe neste dia Deus e a Virgem Maria, o mar se abrande, cessem os perigos, retrocedei todos os viventes que estiverem neste dia contra mim; Se tiverem pés não me alcancem, braços não me toquem, olhos não me enxerguem e língua não me falem; Faltem as forças a todos aqueles que me quiserem fazer o mal. Eu com o Manto de Nosso Senhor Jesus Cristo serei coberto, com seu sangue, serei baforado, não serei preso e nem amarrado; Viverei em paz e harmonia assim como viveu Nosso Senhor Jesus Cristo no ventre puríssimo de Sua Mãe Maria Santíssima.

O meu Reino não é deste mundo

  S anto Agostinho (354-430) bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja Homilias sobre São João «O meu reino não é deste mundo» Escutai todos, judeus e gentios [...]; escutai, todos os reinos da Terra! Eu não impeço o vosso domínio sobre este mundo, «o meu reino não é deste mundo». Não temais, pois, com esse medo insensato que dominou Herodes quando lhe anunciaram o meu nascimento. [...] Não, diz   o Salvador, «o meu reino não é deste mundo». Vinde todos a um reino que não é deste mundo; vinde a ele pela fé; que o medo não vos torne cruéis. É verdade que, numa profecia, o Filho de Deus diz, falando do Pai: «Por Ele, fui eleito rei sobre Sião, sobre a montanha sagrada» (Sl 2,6). Mas essa Sião e essa montanha não são deste mundo. Com efeito, o que é o seu reino? São os que acreditam nele, aqueles a quem Ele diz: vós não sois do mundo, tal como Eu não sou do mundo (cf Jo 17,16). E, contudo, Ele quer que estejam no mundo e diz ao Pai: «Não Te peço que os retires...