“No caminho da oração, como é descrito pelos escritores dos primórdios do monaquismo, a meditatio deve ser considerada em sua relação estreita com a psalmodia, alectio, a oratio, e a contemplatio. Faz parte de um todo em continuidade, de vida inteira unificada, do monge: aconversatio monástica, o voltar-se do mundo para Deus.
Separar a meditação da oração, da leitura e da contemplação é falsificar a imagem que temos do caminho monástico de oração. À medida que o caráter mais contemplativo da meditação se acentua, vemos que é, não só um meio em relação a um fim, mas que tem também algo da natureza da oração. Daí não ser tanto um caminho que nos leva a encontrar a Deus, como um meio de repousarmos Naquele que já encontramos, que nos ama, que está perto de nós, que vem a nós para atrair-nos a Ele:Dominus enim prope est¹. Oração, leitura, meditação e contemplação enchem o aparente ‘vácuo’ da solitude e do silêncio monásticos com a realidade da presença de Deus.
E, assim, aprendemos o verdadeiro valor do silêncio e chegamos a experimentar o vazio e a futilidade daquelas formas de distração e inútil e supérflua comunicação que em nada contribuem para a seriedade e simplicidade da vida de oração.” Thomas Merton
(Agir, 1972) pág. 50-5