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POR DEUS OU CONTRA DEUS?

1. A fé celebra-se na roda do tempo; não se trata bem duma roda — sempre como o mesmo princípio e o mesmo fim — mas de uma espiral, que não fecha, que vai subindo para Deus. O ano da fé é isso: nós e Deus. Nós, em ascensão para Deus, o Deus que veio, vem e virá, continuamente, para nós.

Encerramos neste domingo o tempo ao longo do qual celebrámos os mistérios de Cristo, nosso Salvador. Ao longo do ano cristão fomos brindados com a possibilidade de caminhar seguindo a Jesus; e caminhando com Ele tivemos a oportunidade de ouvi-lO e aprender Dele. Agora, ao celebrarmos a festividade de Cristo Rei, coloca-se diante de nós o horizonte da nossa história pessoal e humana, que é nem mais nem mais o próprio Cristo, que nos revelou (a nós e ao mundo) o reinado de Deus, que não é um estado político, mas a possibilidade de vivermos em comunhão solidária.
2. A segunda leitura da Missa da solenidade de Cristo Rei é retirada do Livro do Apocalipse; a palavra «apocalipse» quer dizer revelação, e é isso que ali se nos oferece: uma revelação. E qual é a revelação que se quer dizer aos cristãos, sejam de que era forem — de ontem ou de hoje?
O Livro Revelação ou Apocalipse revela-nos que Deus tem um plano para a história da humanidade; quer dizer: Deus tem tudo a ver com a nossa história, que Dele brota e a Ele regressa! O que, pois, tal livro nos revela é que quando passarmos à história, saberemos, cada um de nós saberá, que enquanto lhe foi dado viver neste mundo, só uma decisão era importante: decidir por quem seríamos, por Deus, ou contra Deus?
Na vida existem muitas decisões que havemos de tomar, mas nenhuma tão definitiva como esta; por quem, pois, seremos: pela causa de Deus, ou contra Deus? Decidimos viver com Ele, ajuntando, ou sem Ele, desbaratando?
3. Sim, é certo que enquanto vamos trilhando os caminhos da história, nada destas escolhas nos aparecem tão claras assim. Aliás, a verdade, é que com frequência todos vemos que muitos se riem de Deus e nada lhes sucede, e que outros Lhe são fiéis e tanto sofrem!
Também nas coisas da fé o mundo parece andar ao contrário: aos que escolhem o mal, tudo lhes parece correr bem; e os que se consagram ao bem, tudo lhes acontece de mal... Sim, enquanto caminhamos pela história, tal decisão — por Deus ou contra Deus — nem sempre nos aparece posta de forma tão clara e decisiva, como o veremos no fim. Sim, concordamos: há ao longo das nossas vidas e à nossa volta muita confusão, e nem sempre vemos bem por entre as lágrimas e o nevoeiro; aliás, até Cristo reconheceu (na parábola do trigo e do joio) a dificuldade em distinguir o bem do mal! É por isso que é importante escutar bem e assumir a segunda leitura deste domingo de Cristo Rei, porque ela nos revela que no final, o prémio não é igual para quem permaneceu fiel a Cristo (mesmo se tudo lhe correu mal) e para quem se burlou de Cristo (mesmo se os acres da vida o não alertaram do contrário). Prestemos, pois, atenção ao que nos diz hoje o Livro da Revelação:
«[No fim] todos os olhos O verão.»
4. No fim — sim, há um fim para cada um de nós e para a história humana... — todos O haveremos de ver! Sim, todos O verão, «mesmo aqueles que O trespassaram»! «E por sua causa todos os povos da terra se hão-de lamentar»!
A tanto nos adverte hoje a palavra do Livro da Revelação: Todos O verão, todos, todos, todos testemunharão a Sua vinda gloriosa, até mesmo os que O trespassaram, os que O amaldiçoaram, os que preferiram ignorá-l’O, e os que ao longo dos séculos Dele se riram!
5. Como, pois, será encontrar-se com Cristo no momento da Sua última vinda? Como o enfrentarão os que Dele se burlaram, quando Ele lhes disser: Vede bem, reparai o que fizestes, os maltratos que sofri na minha própria carne e na carne dos pobres e dos frágeis! Vede o que me fizestes e eu... me calei!
Como é que no fim enfrentarão a Cristo os que mentiram, e mentindo ensinaram mentiras aos pequeninos sobre Deus?
Como é que no fim enfrentarão a Cristo os que fecharam os ouvidos à voz de Deus e os abriram para as palavras dos inimigos de Deus?
Como é que no fim enfrentarão a Cristo os que tudo fizeram para ignorar a Sua Palavra e os Seus sinais, e agora já não mais puderem desviar a cara e o olhar da Sua presença gloriosa? 
Como é que no fim enfrentarão a Cristo os que entesouraram, rindo-se e burlando-se e blasfemando de Cristo?
Como é que no fim enfrentarão a Cristo os que jamais abriram a Bíblia ou pesquisaram sobre Deus, mas tudo leram e investigaram para combater as verdades da Bíblia, perdendo assim a oportunidade para conhecer o seu Salvador?
Sim, no fim, muitos se hão-de lamentar das demissões e omissões por O não terem querido conhecer, amar e seguir. Não foi isso que Cristo disse da cidade de Jerusalém, quando, aproximando-se dela, a viu? Chorando por ela, não se lamentou Ele: «Se ao menos hoje conhecesses O que te pode dar a paz»?
Celebramos hoje a Cristo Rei! Ele é homem-Deus e chora. Sabemos que chorou e chora, porque é esquecido, desprezado e vilipendiado e, porque, aparentemente, muitos de nós preferimos ignorar que Ele nos visita como Salvador!

Frei João Costa
.Carmo | 47 | Novembro 24 2018

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