2. Primeiro, propõe tal raciocínio: nenhuma ciência em que se investiga o saber por causa do saber mesmo é uma ciência prática, mas especulativa. Ora, a ciência, que é sabedoria, ou que se diz filosofia, investiga o saber por causa do saber mesmo. Logo, é uma ciência especulativa e não prática. Qualquer um que investigue o fim para escapar da ignorância tende ao saber pelo saber. Ora, aqueles que fazem filosofia, investigam o fim para escapar da ignorância. Logo, eles tendem ao saber pelo saber.
3. Ora, que investigaram para escapar da ignorância fica evidente a partir do fato de que aqueles que primeiro filosofaram e os que agora filosofam começam a filosofar por causa da admiração de alguma causa, embora de uns modo distinto ao do início. De fato, no início, admiravam-se com as questões mais simples, que lhes eram mais presentes, para que se conhecessem as suas causas. Mas, depois, procederam do conhecimento das coisas evidentes à investigação das ocultas e começaram, aos poucos, a investigar as mais complexas e ocultas, como as fases da lua, ou seja, o seu eclipse e a mudança da sua figura, que parece variar de acordo com a posição que tens em relação ao Sol. E, semelhantemente, investigaram aquelas coisas relativas ao Sol, corno o seu eclipse, movimento próprio e grandeza. E, também, as que se referem às estrelas, como o seu número, sua ordem, a geração de todo o universo e coisas semelhantes. Alguns diziam ter sido gerado por acaso, outros pelo intelecto e outros pelo amor. Tomás de Aquino