"O Evangelho se transmite de geração a geração; deve, porém, 'chegar a cada um de nós ou de modo inteiramente novo ou de nenhum modo'.
Se for apenas 'tradição' e não boa-nova, notícia, não foi pregado ou não foi ouvido - não é o Evangelho.
Qualquer palavra que venha de Deus é notícia!
Mas nossas ideias em relação às novidades e às ideias dos jornais levam-nos a crer que qualquer palavra, 'exceto' a que veio de Deus, é novidade. Como se o que fosse dito por Deus tivesse que ser de tal modo fixo, determinado, rígido em sua forma definitiva, que jamais pudesse ser algo de novo, imprevisível, espantoso, assustador.
Se não há nenhum risco na revelação, nenhum medo, nenhum desafio; se a revelação não é uma palavra que cria novos mundos e novos seres; se não chama à existência uma nova criatura, nosso novo ser, então a religião está morta e está morto deus.
Aqueles para quem o Evangelho é coisa velha e 'apenas' antiga já o mataram para os demais homens. A vida do Evangelho está em sua novidade."
Thomas Merton, "Reflexões de um Espectador Culpado", Vozes 1970, p. 147