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A Literatura e sua importância, por Edson Lira


A literatura é a arte de palavra. Sua matéria- prima é, portanto, a palavra. A literatura é a transfiguração do real. É uma das manifestações artísticas da humanidade. 
Uma característica transcendental do ser humano é o pulchrum, isto é, o belo. Um dos grandes apreciadores da beleza foi Fiodor Dostoiewski. Tal fato é surpreendente, pois seus romances penetraram nas zonas mais obscuras e até perversas da alma humana. Mas o que o movia, na verdade, era a busca da beleza. É dele a famosa frase:A beleza salvará o mundo, dita no livro O Idiota. No romance Os irmãos Karamazov aprofunda a questão. Um ateu Ipolit pergunta ao príncipe Mynski como a beleza salvaria o mundo? O príncipe nada diz, mas vai junto a um jovem de 18 anos que agonizava. Aí fica cheio de compaixão e amor até ele morrer. Com isso nos quis dizer: beleza é o que nos leva ao amor condividido com a dor. Desse modo, o mundo será salvo hoje e sempre enquanto houver essa atitude.
A beleza, característica transcendental, se revela como irradiação do ser.
Seguramente não podemos viver sem pão, mas também é impossível existir sem beleza repetia. Beleza é mais que estética; possui uma dimensão ética e religiosa. Ele via em Jesus um semeador de beleza. Ele foi um exemplo de beleza e a implantou na alma das pessoas para que através da beleza todos se fizessem irmãos entre si. Ele não se refere ao amor ao próximo; a contrário: é a beleza que suscita o amor e nos faz ver no outro um próximo a amar.
: Miguel Torga. No volume Odes (1946), após ter dedicado sendas odes À poesia, À terra, Ao mar, Ao vento, À música..., dedica também uma ode À beleza. Vamos lê-la na íntegra, saboreadamente, que o merece:
Não tens corpo, nem pátria, nem família, / Nem te curvas ao jugo dos tiranos. / Não tens preço na terra dos humanos, / Nem o tempo te roi (sic). / És a essên- cia dos anos, / O que vem e o que foi. // És a carne dos deuses, / O sorriso das pedras, / E a candura do instinto. / És aquele alimento / De quem, farto de pão, anda faminto. // És a graça da vida em toda a parte,
/ Ou em arte, / Ou em simples verdade. / És o cravo vermelho, / Ou a moça no espelho, / Que depois de te ver se persuade. // És um verso perfeito / Que traz consigo a chama do que diz. / És o jeito / Que tem. Antes de mestre, o aprendiz. // És a beleza, enfim! És o teu nome! / Um milagre, uma luz, uma harmonia, / Uma linha sem traço... / Mas sem corpo, sem pátria e sem família, / Tudo repousa em paz no teu regaço!
A nossa cultura dominada pelo marketing vê a beleza como uma construção do corpo e não da totalidade da pessoa, saliente-se
Para Aristóteles, a arte, é uma criação humana. O filósofo entende que o Belo não pode ser desligado do homem, já que ele está em nós, é uma fabricação humana. As artes podem imitar a natureza, mas também podem abordar o impossível, o irracional e o inverossímil. Além disso, elas também podem ter uma utilidade prática: completar o que falta na natureza.
Exsurge das ideias de Antonio Candido a relevância da literatura para a formação do homem integral. A literatura é um direito fundamental do ser humano, porque ela favorece a integridade do homem. Assim sendo, há um poder humanizador na literatura. Possibilita ela, entre outras coisas, a organização mental e sentimental, a comunicação dos valores e a visão do mundo, a divulgação de ideologias e sonhos. 
Sendo a literatura "a arte de criar com as palavras e seus sentidos" a relação entre a literatura e a sociedade é de estreita vinculação, assim como todas as artes. O artista é um destruidor e um construtor, é um crítico, é um sedento por demonstrar sentimentos e sensibilidades inauditas. Sendo o literato um artista, ele é um crítico social que "formata" suas ideias com a poesia, o conto, o romance e todos os formatos de expressão literária.
Destarte, a literatura é uma demanda existencial e social. É o sonho do homem acordado. Por todo o elencado, a literatura para o desenvolvimento do ser humano é imprescindível. Tirar do humano a beleza restauradora, expressar o que está impresso, acordar a sublimidade, perceber a realidade. Nada está pronto. Tudo está se fazendo. O ser humano é um ser no tempo e no espaço. É um ser em construção. É homo loquens - é um ser que fala. A literatura é a beleza da palavra.

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