«No termo da estrada não está a estrada, mas a meta. No termo da escalada não está a escalada, mas o cume. No termo da noite não está a noite, mas a aurora. No termo do inverno não está o inverno, mas a primavera. No termo da morte não está a morte, mas a vida. No termo da humanidade não está o homem, mas o Homem-Deus. No termo do Advento não está o Advento, mas o Natal. A espera não deve desfazer-se numa inquietude infinita.»
Como em cada ano, o Natal regressa para indicar-nos que há uma meta no nosso caminho. Recorda-no-lo com estas simples palavras, dedicadas à «espiritualidade da estada», Joseph Folliet (1903-1972), um francês comprometido com o mundo do trabalho, com os direitos calcados, com a solidariedade, e que se tornou sacerdote aos 65 anos.
O frenesi contemporâneo criou uma espécie de insatisfação permanente: quanto mais se tem, mais se quer. É por isso que nunca se conhece um ponto de chegada e um propósito preciso e definitivo, mas vagabundeia-se sem meta.
O Natal é precisamente o sinal de um porto de chegada, é quase o indicador de uma meta que ainda não se alcançou mas que é certa, e, como diz Folliet, não tem no centro um homem, mas o Homem-Deus. E não só porque Cristo emerge, mas também porque todas as criaturas humanas são chamadas a ser filhas de Deus, de modo que «Deus seja tudo em todos» (I Coríntios 15,28).
Aliás, Paulo ousará imaginar um ponto final, no qual toda a criação será redimida, fruindo da mesma liberdade e da mesma alegria dos filhos de Deus. «No termo da morte não está a morte, mas a vida.» É este o desejo de Natal para cada pessoa, sobretudo para quem está desencorajado e desiludido.
P. (Card.) Gianfranco Ravasi
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins