Passados 72 anos dos 3 tiros a queima-roupa, não é forçoso atestar que intenção de calar a voz do principal profeta da paz, em 𝟯𝟬 𝗱𝗲 𝗷𝗮𝗻𝗲𝗶𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝟭𝟵𝟰𝟴, conseguiu, ao contrário, reverberar seu Eco até os nossos dias. A postura de não-violência desta Grande Alma instiga muitos, de ontem e de hoje, a também seguir seu exemplo.
𝘌𝘴𝘤𝘳𝘦𝘷𝘦𝘶 𝘛𝘩𝘰𝘮𝘢𝘴 𝘔𝘦𝘳𝘵𝘰𝘯 𝘢 𝘴𝘦𝘶 𝘳𝘦𝘴𝘱𝘦𝘪𝘵𝘰:
Foi pelo conhecimento de escritores como Tolstoy e Thoreau e, em seguida, pela leitura do Novo Testamento, que Gandhi redescobriu sua própria tradição e sua dharma (religião, norma de vida) indiana. Mais do que uma tradição, mais do que uma sabedoria consignada nos livros ou celebrada nos templos, Gandhi descobriu a Índia descobrindo-se a si próprio. Daí a grande importância de compreender a vida política de Gandhi e, particularmente sua não violência, à luz dessa descoberta radical, da qual tudo o mais recebeu seu sentido. A luta a que Gandhi se dedicou pela liberdade da Índia e sua insistência em querer meios não-violentos nessa luta – resultaram, ambas, de sua nova compreensão da Índia depois de seu contacto com uma tradição espiritual universalmente válida que compreendeu ser comum tanto ao Oriente como ao Ocidente.
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Gandhi tinha o maior respeito pelo cristianismo, por Cristo e pelo Evangelho. Seguindo seu satyagraha* acreditava seguir a Lei de Cristo . Seria difícil provar estar ele inteiramente enganado nessa crença – ou que fosse ele, em qualquer grau, insincero. Uma das grandes lições da vida de Ghandi é a seguinte: ele, um indiano, descobriu, através das tradições espirituais do Ocidente, sua herança indiana e, com ela, seu reto pensar . Ora , na fidelidade à sua própria herança e ao seu sadio equilíbrio, pôde apontar aos homens do Ocidente e de todo o mundo um meio de recuperar o reto pensar dentro de sua própria tradição , manifestando , assim , o fato de que existem certos valores essenciais e indiscutíveis.
(𝖦𝖺𝗇𝖽𝗁𝗂 𝖾 𝖺 𝗇ã𝗈-𝗏𝗂𝗈𝗅ê𝗇𝖼𝗂𝖺, 𝗉á𝗀. 𝟣𝟨-𝟣𝟩)
Quando Rabindranath Tagore quis elogiar Gandhi, não lhe destacou a inteligência, que aliás era muita. Preferiu, antes, realçar-lhe a alma. Que era imensa.A expressão, aliás, viria a colar-se-lhe ao nome.Mahatma quer dizer alma grande!