"Plástico não significa elástico, em outras palavras. Nossos enlaces neurais não retornam repentinamente ao seu estado anterior do mesmo modo que um elástico de borracha; eles se fixam no seu estado alterado. E nada garante que o novo estado seja desejável. Maus hábitos ficam arraigados em nossos neurônios tão facilmente quanto os bons hábitos. Pascual-Leone observa que 'alterações plásticas podem não necessariamente representar um ganho comportamental para um dado sujeito'. Além de ser 'um mecanismo para o desenvolvimento e o aprendizado', a plasticidade pode ser 'uma causa de patologia'.
Portanto, não é nenhuma surpresa que a neuroplasticidade tenha sido relacionada a aflições mentais, indo da depressão à desordem obsessiva compulsiva e ao zumbido. Quanto mais o sofredor se concentra no seu sintoma, mais profundamente ele é gravado nos seus circuitos neurais. Nos piores casos, a mente se treina a ficar doente. Muitos vícios, também, são reforçados pelo fortalecimento das vias plásticas do cérebro. Mesmo doses muito pequenas de drogas aditivas podem alterar dramaticamente o fluxo de neurotransmissores nas sinapses de uma pessoa, resultando em alterações duradouras nos circuitos e funções cerebrais. Em alguns casos, o acúmulo de certos neurotransmissores, tais como a dopamina, uma substância produtora de prazer afim da adrenalina, parece de fato disparar o ligar ou o desligar de genes particulares, proporcionando uma ânsia ainda mais forte pela droga. Os caminhos vitais tornam-se mortais." - A Geração Superficial: O que a internet está fazendo com os nossos cérebros - Nicholas Carr