São João da Cruz nos fala dos pregadores, os quais podem nos levar à decisão de servir ao Senhor. Para servir ao povo sem se tornar vítima de sua própria vaidade, deve o pregador lembrar-se de que a pregação é um exercício mais espiritual que vocal. Para ser eficiente, a pregação requer certa receptividade por parte dos ouvintes. Contudo, mais importante é a reta intenção do pregador. Se não estiver penetrado do verdadeiro espírito, a apresentação da mais sublime doutrina ou o estilo mais elevado ficarão sem efeito. Quanto mais exemplar for sua vida, tanto maiores serão os benefícios que causará, mesmo que sua exposição seja simples, e seu estilo, pobre. Elegância de estilo, sublimidade de doutrina e boa apresentação só empolgam quando traduzem o espírito de devoção. Sem tal espírito ‘a pregação, embora dê gosto e prazer aos sentidos e ao entendimento, pouco ou nada de substancioso deixará na vontade... A voz não tem o poder de fazer um morto sair vivo da sepultura’. O santo certamente não quer desprestigiar o estilo cuidadoso, a sublime eloquência e as palavras bem escolhidas. ‘Tudo isso é tão importante para o pregador quanto para o comerciante que negocia – pois as palavras bem escolhidas e o estilo adequado agradam e revigoram até mesmo as coisas desgastadas, assim como expressões inadequadas estragam e põe a perder as melhores coisas (Subida, 1. III, c.45)”.
.
Edith Stein. A Ciência da Cruz: estudo sobre São João da Cruz. Edições Loyola. 3° edição, p. 94.
.
Edith Stein. A Ciência da Cruz: estudo sobre São João da Cruz. Edições Loyola. 3° edição, p. 94.