Audiência Geral, de 13 de maio de
2020
A oração do cristão entra numa
relação com o Deus do rosto terno, que não quer amedrontar os homens. Essa é a
primeira característica da oração cristã. Se os homens eram acostumados a se
aproximar de Deus um pouco tímidos, com um pouco de medo desse mistério
fascinante e tremendo, se eram acostumados a venerá-lo com uma atitude servil,
semelhante à de um súdito que não quer faltar de respeito ao seu senhor, os
cristãos se voltam para Ele, ousando chamá-lo de maneira confidente com o nome
de “Pai”.
“O Pontífice frisou que o
“cristianismo baniu da ligação com Deus toda relação “feudal”. No patrimônio de
nossa fé, não há expressões como ‘submissão’, ‘escravidão’ ou ‘vassalagem’; mas
palavras como ‘aliança’, ‘amizade’, ‘promessa’, ‘comunhão’, ‘proximidade'.”
Deus é o amigo, o aliado, o
esposo. Na oração, se estabelece uma relação de confidência com Ele, tanto é
verdade que, no “Pai-Nosso”, Jesus nos ensinou a fazer uma série de pedidos a
Deus. Podemos pedir a Deus tudo, explicar tudo, contar tudo. Não importa se na
relação com Deus sentimos que somos falhos: não somos bons amigos, não somos
filhos agradecidos, não somos esposos fiéis. Ele continua nos querendo bem.
“É o que Jesus demonstra
definitivamente na Última Ceia, quando diz: “Este cálice é a nova aliança do
meu sangue, que é derramado por vocês.” Nesse gesto, Jesus antecipa o mistério
da cruz no cenáculo. Deus é um aliado fiel: se os homens deixam de amar, Ele
continua a amá-lo, mesmo que o amor o leve ao Calvário. Deus está sempre perto
da porta do nosso coração. Espera. Espera que abramos a porta a ele. E às vezes
bate, no coração; mas não é um invasor: espera. A paciência de Deus conosco: é
a paciência de um pai, de alguém que nos ama muito. Eu diria que é a paciência
de um pai e uma mãe, todos juntos. Sempre perto do nosso coração, e quando ele
bate, o faz com ternura e com muito amor”, frisou Francisco.
O Papa concluiu sua catequese,
pedindo-nos para tentar rezar assim, “entrando no mistério da Aliança. A
colocar-nos através da oração nos braços misericordiosos de Deus, sentir-nos
envolvidos nesse mistério de felicidade que é a vida trinitária, a sentir-nos
convidados que não mereciam tanta honra e a repetir a Deus, no estupor da
oração: é possível que Tu apenas conheces o amor? Conhece somente o amor e não
ódio? Esse é o Deus ao qual nos dirigimos. Este é o núcleo incandescente de
toda oração cristã”.