O melhor sacrário é o coração que te guarda amorosamente sem resquícios daquela atitude que procura controlar, ou até manipular, mas num puro acolhimento, disponível e humilde, para que aí vivas e ele viva de ti. E, se ainda viver dependente das peias biológicas, há de exalar o sumo do teu pulsar, há de almejar amar como tu amas, há de deixar-se formar pelo teu modo de amar e há de deixar que nele sejas Tu mesmo a amar (cfr. Gal 2, 20).
Hei de colocar-lhe um cetim de contemplação, acolchoado de abandono, onde os segredos se fazem traves, onde os silêncios cúmplices e os colóquios mais íntimos desenham ceias.
Hei de fazer do meu coração a tenda sagrada do encontro, certo que será uma tenda frágil, sujeita à chuva e ao vento do deserto das tentações que a põem à prova e amedrontam, mas onde a glória da nuvem do teu mistério (cfr. Ex 33, 9) a faz morada gloriosa das núpcias. Quero que o meu coração seja, mais que sacrário, um trono onde reines, onde exerças a tua soberania, como desejava a Ir. S. João: “Queria, em cada coração que palpitasse sobre a terra, formar um trono a Jesus-Hóstia.”