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ÓDIO FORTE E ÓDIO FRACO

 ÓDIO FORTE E ÓDIO FRACO

"O ódio forte, o ódio que se alegra em odiar, é forte porque não acredita ser indigno, insuficiente e isolado. Sente o apoio de um Deus justiceiro, de um ídolo de guerra, um espírito vingador e destruidor.
De tais deuses sedentos de sangue foi a raça humana libertada com muito trabalho e terrível sofrimento, pela morte de um Deus que se entregou à Crucifixão e padeceu a crueldade patológica de suas criaturas, por compaixão para com elas. Vencendo a morte, abriu-lhes os olhos à realidade do amor que não faz perguntas sobre dignidade ou indignidade, um amor que supera o ódio e destrói a morte.
Mas os homens chegaram agora a rejeitar essa revelação divina do perdão e, consequentemente, estão voltando aos velhos deuses da guerra, os deuses insaciáveis em beber o sangue e em se alimentar da carne humana. É mais fácil servir aos deuses do ódio, pois o êxito deles está no culto que lhes é tributado pelo fanatismo coletivo.
Para servir aos deuses do ódio basta estar em estado de cegueira, ocasionada pela paixão coletiva. Para servir ao Deus de Amor é preciso ser livre, é preciso tomar consciência da terrível responsabilidade que temos de tomar a decisão de amarmos 'apesar de toda a indignidade' que há em nós mesmos ou nos outros.
Na raiz de todo ódio se encontra o senso de indignidade que nos irrita e atormenta. Quem é capaz de odiar fortemente, com a consciência tranquila, é de todo cego à indignidade que nele existe e capaz de ver com serenidade todos os seus erros no outro.
Mas o que está consciente de sua própria indignidade e da de seu irmão, se vê tentado por um ódio mais sutil e atormentador: o ódio geral, embrutecedor, nauseante contra tudo e todos, pois para ele tudo está eivado de indignidade, tudo é impuro, tudo manchado pelo pecado.
Em verdade, esse ódio fraco é amor fraco. Quem não sabe amar se sente indigno e sente, ao mesmo tempo, que 'ninguém' é digno. Talvez não consiga sentir o amor porque não é digno de amor, e por causa disso pensa que ninguém é digno de amor."
Thomas Merton, "Novas Sementes de Contemplação", p. 77-78 (Fisus 1999 e Vozes 2017), Cap. 10. Um Corpo de Ossos Quebrados.

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