O período de 17 a 24 de dezembro convoca-nos, dentro do tempo do Advento, à intensa e densa preparação imediata para o Natal do Senhor. Segundo uma antiga tradição da Igreja, que remonta aos séculos VII e VIII, nestes dias somos convidados a recitar as Antífonas Maiores ou Antífonas do Ó. As referidas antífonas são aclamações a Cristo precedidas pela interjeição "Ó" (interjeição vocativa que indica chamamento ou invocação. Essa interjeição confere maior ênfase ao chamamento. O detalhe é a ênfase que se quer dar à pessoa chamada ou invocada ).Por isso, Antífonas do Ó. Elas constituem um resumo da teologia do Advento. Expressam o desejo de salvação da humanidade e a expectativa pela vinda de Jesus Cristo, invocado com títulos messiânicos do Antigo Testamento.
Ó Raiz de Jessé!
"Ó Raiz de Jessé, erguida como estandarte dos povos, em cuja presença os reis se calarão e a quem as nações invocarão; vinde libertar-nos, não tardeis mais!"
(Dia 19/12)
Hoje, Aquele que vem é saudado e invocado como Raiz de Jessé, aquela mesma de que fala Is 11,1, o Descendente prometido a Davi, o Rei eterno de Israel de Quem tanto falaram os salmos e os profetas.
“Naquele dia, a raiz de Jessé, que se ergue como um sinal para os povos, será procurada pelas nações, e a sua morada se cobrirá de glória. Ele erguerá um sinal para as nações” (Is 11,10.12a).
Mas, misteriosamente, de modo profundo e cheio de sentido das coisas de Deus, a antífona mistura esse Messias Rei glorioso com o Servo Sofredor, humilhado e morto por nós pela salvação do mundo:
“Eis que o Meu Servo há de prosperar, ele se elevará, será exaltado, será posto nas alturas. Exatamente como multidões ficaram pasmadas à vista Dele – tão desfigurado estava o Seu aspecto – e a Sua forma não parecei a de um homem – assim agora nações numerosas ficarão estupefatas a Seu respeito, reis permanecerão silenciosos, ao verem coisas que não lhes haviam sido contadas e ao tomarem consciência de coisas que não tinham ouvido” (Is 52,13-15).
Eis o misterioso plano de Deus, a misteriosa lógica do Evangelho: o esperado Descendente de Davi não viria coberto de glória, mas pobre e humilde Servo sofredor, que reinaria pela cruz e, por um ato de amor total e puro, até o fim, libertaria toda a humanidade que o acolhesse e triunfaria na glória por toda a eternidade.
Este era o sonho de Deus, isto foi o que o nosso Salvador, Rei-Messias realizou, esta é a realidade da nossa fé e a causa da nossa esperança.
Bendita seja a Raiz de Jessé, o Cristo nosso Deus! DOM HENRIQUE SOARES