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 Fernando Pessoa

VIII - Ah quantas máscaras e submáscaras - 

VIII

 

Ah quantas máscaras e submáscaras,

Usamos nós no rosto de alma, e quando,

Por jogo apenas, ela tira a máscara,

Sabe que a última tirou enfim?

De máscaras não sabe a vera máscara,

E lá de dentro fita mascarada.

Que consciência seja que se afirme,

O aceite uso de afirmar-se a ensona.

Como criança que ante o espelho teme,

As nossas almas, crianças, distraídas,

Julgam ver outras nas caretas vistas

E um mundo inteiro na esquecida causa;

E, quando um pensamento desmascara,

Desmascarar não vai desmascarado.

s.d.

«35 Sonnets». in Poemas Ingleses. Fernando Pessoa. (Edição bilingue, com prefácio, traduções, variantes e notas de Jorge de Sena e traduções também de Adolfo Casais Monteiro e José Blanc de Portugal.) Lisboa: Ática, 1974.

  - 165.

O  texto é um poema que trata da colocação de uma máscara após outra sem jamais deixar ver a verdadeira face da alma, ou seja, várias camadas de máscaras em sentido figurado que dissimulam (ocultam) a verdadeira essência do indivíduo

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