„Pertence verdadeiramente ao seu tempo, é verdadeiramente contemporâneo, aquele que não coincide perfeitamente com este, nem está adequado às suas pretensões e é, portanto, nesse sentido, inatual; mas, exatamente por isso, exatamente através desse deslocamento e desse anacronismo, ele é capaz, mais do que os outros, de perceber e apreender seu tempo.“
Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho
e cujo objeto é o dinheiro".
Giorgio Agamben, em entrevista a Peppe Salvà e publicada por
Ragusa News, 16-08-2012
“A ética moderna, desde Kant, se constitui como uma ética do
dever, dominada pelo imperativo. Tentei criticar a ética do dever e
substituí-la por uma doutrina, procedente do mundo clássico, que valorize a
ideia de felicidade, a vida boa. Em um sentido político. O dever é uma ideia de
origem cristã. O homem é um ser em dívida. Isso significa dever: estar em
dívida.”
[...] muitas vezes eu encontro com pessoas que me chamam de
pessimista. Em primeiro lugar, em um nível pessoal, isto não é verdade em todos
os casos. Em segundo lugar, os conceitos de pessimismo e de otimismo não têm
nada a ver com o pensamento. Debord citou muitas vezes uma carta de Marx,
dizendo que “as condições desesperadoras da sociedade em que vivo me enchem de
esperança”. Qualquer pensamento radical sempre adota a posição mais extrema de
desespero. Simone Weil disse: “Eu não gosto daquelas pessoas que aquecem seus
corações com esperanças vazias”. Pensamento, para mim, é exatamente isso: a
coragem de desesperança. E isso não está na altura do otimismo?