Santa Teresa o considerava “uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja”, e outro de seus contemporâneos assim o descreve: “Homem de estatura mediana, de boa fisionomia, rosto sério e venerável. Seu trato era muito agradável e sua conversa bastante proveitosa para os que o ouviam. Foi amigo do recolhimento e falava pouco. Quando repreendia como superior, que o foi muitas vezes, agia com doce severidade, exortando com amor paternal.”
Carta de Santa Teresa de Jesus à Madre Ana de Jesus
Achei graça, filha, de ver como se queixa sem razão, pois tem aí o meu Padre Frei João da Cruz, que é um homem celestial e divino; pois eu lhe digo, minha filha, que desde sua partida para aí, não achei em toda Castela outro como ele, que tanto afervore no caminho do Céu. Não pode imaginar a saudade que me causa sua falta. Olhem, que é um grande tesouro que aí têm nesse santo. Todas as dessa casa tratem e comuniquem com ele acerca de suas almas, e verão quanto proveito lhe tiram, e como se acharão muito adiantadas em tudo o que é espírito e perfeição; porque lhe deu Nosso Senhor para isto particular graça.
Estejam certas de que eu estimaria de ter por aqui a meu Padre Frei João da Cruz, que deveras é pai de minha alma e um daqueles que mais bem me faziam com sua comunicação. Façam-no assim, minhas filhas, com toda a confiança, pois asseguro-lhes que a podem ter como comigo mesma, e isto lhes servirá de grande satisfação, porque é muito espiritual e de grandes experiências e letras. Por aqui sentem muita falta dele as que se tinham acostumado à sua doutrina. Deem graças a Deus, que permitiu o terem aí tão perto. Vou escrever-lhe pedindo que as assista, e sei de sua grande caridade que o fará em se oferecendo qualquer necessidade.