«O que me espanta, diz Deus, é a esperança./ E disso não me canso./ Essa pequena esperança que parece não ser nada./ Essa esperança menina./ Imortal.»
«A Fé é uma Esposa fiel./ A Caridade é uma Mãe./ Uma mãe ardente, toda coração./ Ou uma irmã mais velha que é como uma mãe./ Mas a Esperança é uma menina que parece não ser nada./ Que veio ao mundo no dia de Natal do ano passado./ Que ainda brinca com o janeiro bonacheirão./ Com os seus pinheirinhos em madeira alemã cobertos/ de neve pintada./ Com a vaca e o burro em madeira alemã./ Pintados./ E a manjedoura cheia de palha que os animais não comem./ Porque são de madeira./ Mas é essa menina que atravessará os mundos./ Essa menina de nada./ Só ela, guiando as outras, atravessará/ os mundos revolvidos.»
«A pequena esperança caminha entre as suas irmãs mais velhas/ e não lhe é dada a devida atenção./ No caminho da salvação, no caminho da carne,/ no caminho pedregoso da salvação, na estrada interminável,/ nessa estrada entre as suas duas irmãs,/ caminha a pequena esperança./ Entre as duas irmãs grandes./ Aquela que é casada, e aquela que é mãe./ E ninguém repara nela, o povo cristão só repara/ nas duas irmãs grandes./ A primeira e a última./ Que caminham com pressa./ Para o tempo presente./ No instante momentâneo que passa./ O povo cristão só vê as duas grandes irmãs./ Só olha para as duas irmãs grandes./ A da direita e a da esquerda./ E quase não repara na que caminha no meio.»
«É ela, essa menina, que arrasta tudo consigo./ Porque a Fé só vê aquilo que é./ Mas ela, ela vê aquilo que será./ A Caridade só ama aquilo que é./ Mas ela, ela ama aquilo que será.// A Fé vê o que é./ No Tempo e na Eternidade./ A Esperança vê o que será./ No tempo e na eternidade.// Ou seja: o futuro da própria eternidade.»