Mestre Echardo (Meister
Eckhart — 1260-1327
Fim da Ética. — Echardo revela
bem o que é quando vem a tratar de questões éticas. O que neste domínio ensina
é uma doutrina da perfeição cristã; e o que aí sobretudo lhe importa é
impregnar a vida desse ideal, a tal ponto, que se torna por sua vez gerador de
vida. Quer ele ser mestre não de ler, mas de viver. A prática lhe é mais
importante que a teoria. "Assim,
é melhor dar de comer a quem tem fome, do que entregar-se a uma prolongada
contemplação interna. E fosse alguém arrebatado como S. Paulo e soubesse de um
doente necessitado do seu auxílio, eu julgaria muito melhor que deixasse por
amor o êxtase e servisse o necessitado com amor tanto maior". O seu
pensamento é aqui uníssono com o do seu grande confrade Tomás de Aquino:
"S. Tomás ensina que sempre o amor ativo vale mais que o contemplativo,
quando o amor ativo dissemina o que colheu na contemplação" (Karrer, 1. c.
390 ss.). A ética de Echardo obedece ao
lema — "unidade com o ser
uno". Isto quer dizer participação amorosa e cognitiva do supremo bem e da
sua perfeição. Praticamente significa conformidade do nosso pensamento e
vontade com Deus. Evidentemente, por amor do supremo bem e da perfeição
objetiva como tal. Echardo é um moralista de intenção normativa e não precisa
ser purificado da tacha de nenhuma moral interessada.