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Mostrando postagens de dezembro, 2016

O segredo de Francisco: tempo para o ócio silente

O segredo de Francisco: tempo para o ócio silente Deixo aqui os meus melhores votos para o novo ano, desejando a todos saúde, paz, realizações felicitantes e também o que me parece de suprema urgência: ao longo do ano todo, algum tempo para o ócio silente. Uma das características da nossa época, que causa estragos sem fim, é a agitação geral e frenética, consumista, que tudo devora. O nosso tempo não tem lugar para o ócio, aquele ócio de que fala a scholê grega. Vivemos, como dizia o grande bispo do Porto D. António Ferreira Gomes, na "agitação paralisante e na paralisia agitante", isto é, não vivemos verdadeiramente. Porque o autenticamente humano está recalcado. Vivemos na dispersão agitada e agitante, sem encontro autêntico connosco e, portanto, também com os outros e com o essencial da vida. A net contribui frequentemente para fazer aumentar esta agitação alienada e alienante, e até estupidificante, pois todos podem agora, escondidos no anonimato cobarde, p

A não-violência: estilo de uma política para a paz- mensagem do Papa Francisco para o dia da paz

1. No início deste novo ano, formulo sinceros votos de paz aos povos e nações do mundo inteiro, aos chefes de Estado e de governo, bem como aos responsáveis das Comunidades Religiosas e das várias expressões da sociedade civil. Almejo paz a todo o homem, mulher, menino e menina, e rezo para que a imagem e semelhança de Deus em cada pessoa nos permitam reconhecer-nos mutuamente como dons sagrados com uma dignidade imensa. Sobretudo nas situações de conflito, respeitemos esta «dignidade mais profunda» [1]  e façamos da não-violência ativa o nosso estilo de vida. Esta é a Mensagem para o 50º Dia Mundial da Paz.  Na primeira , o Beato Papa Paulo VI dirigiu-se a todos os povos – e não só aos católicos – com palavras inequívocas: «Finalmente resulta, de forma claríssima, que a paz é a única e verdadeira linha do progresso humano (não as tensões de nacionalismos ambiciosos, nem as conquistas violentas, nem as repressões geradoras duma falsa ordem civil)». Advertia contra o «perigo de crer

Mais um ano ou menos um ano?!

, Mais um ano ou menos um ano?! (Marta  Arrais) Não sei se o que andamos a viver justifica que pensemos que há mais um ano a caminho. Talvez a perspetiva seja diferente do que a maioria anuncia. Sobra-nos, isso sim, menos um ano. Menos um ano para perceber como podíamos ter feito os dias valer mais a pena. Mais a asas. Um ano subtraído às bondades que não demos, às vontades que esquecemos e aos sonhos que não alimentámos. Um ano a menos de uma aventura sem precedentes. Que ainda protagonizamos como se não houvesse, nunca, um fim. Menos um ano de oportunidades para tentarmos ser mais heróis do que vilões da nossa própria história. Menos um ano para o que já foi adiado demasiadas vezes. Arriscadas vezes. Um ano a menos para as alegrias que nos tínhamos prometido. Um ano a menos para as viagens que eram para ter sido feitas dentro e fora de nós. Um ano a menos para aumentar a soma de dias inesquecíveis e memoráveis. Na areia que quase acaba de correr na ampulheta dos dias, esgueiram-se

NATAL-HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

«Manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2, 11). Estas palavras do apóstolo Paulo revelam o mistério desta noite santa: manifestou-se a graça de Deus, o seu presente gratuito; no Menino que nos é dado, concretiza-se o amor de Deus por nós.  É uma noite de glória, a glória proclamada pelos anjos em Belém e também por nós em todo o mundo. É uma noite de alegria, porque, desde agora e para sempre, Deus, o Eterno, o Infinito, é Deus connosco: não está longe, não temos de O procurar nas órbitas celestes nem em qualquer ideia mística; está próximo, fez-Se homem e não Se separará jamais desta nossa humanidade que assumiu. É uma noite de luz: a luz, profetizada por Isaías e que havia de iluminar quem caminha em terra tenebrosa (cf. 9, 1), manifestou-se e envolveu os pastores de Belém (cf. Lc 2, 9).  Os pastores descobrem, pura e simplesmente, que «um menino nasceu para nós» (Is 9, 5) e compreendem que toda aquela glória, toda aquela alegria, toda aqu

NATAL: A REFLEXÃO DE LEONARDO BOFF

NATAL: A REFLEXÃO DE LEONARDO BOFF : NATAL: SEMPRE QUE NASCE UMA CRIANÇA É SINAL DE QUE DEUS AINDA ACREDITA NO SER HUMANO Estamos na época de Natal mas a aura não é natalina, é antes de sext

O HOMEM QUE SE VENDE VALE MENOS DO QUE PAGARAM POR ELE

“ Ao empregar o verbo «anunciar» ou «narrar» (apaggélô, hebraico higgîd) na missão que lhes confia («INDO (poreuthéntes), ANUNCIAI (apaggélô) a João o que ouvis e vedes»), tudo no presente, Jesus está a dizer àqueles mensageiros que o Evangelho não se enuncia no passado, não é acerca de algo que já aconteceu, de alguém que já por cá passou. Com este procedimento, Jesus está a dizer-nos que não podemos anunciar o Evangelho com os verbos no passado, sem nos comprometermos a fazê-lo acontecer hoje. O Evangelho conta-se, anuncia-se e enuncia-se no presente. Envolve-nos e implica-nos em fazer acontecer o que vamos anunciar e narrar. Só assim é verdadeiro o testemunho do mensageiro, que se envolve em fazer acontecer o Evangelho; só assim o destinatário pode ser igualmente envolvido na mensagem que o atinge.” Dom Antonio Couto

DESEMBULHAR O NATAL

DESEMBRULHAR O NATAL José Tolentino Mendonça  (13-12-2016) Será que algum dia nos aproximaremos da dádiva genuína e desinteressada, da pura dádiva? E como é que isso se faz?   No frenesim de consumo que atropela dezembro, nesse labirinto de excesso, euforia e solidão em que a vida, como uma imposição, se torna, cada um de nós aprende, mesmo sem dizê-lo, alguma coisa sobre a dádiva. Ora, talvez o que nos custe mais neste insano tráfico pré-natalício seja, precisamente, a constatação dolorosa e inconfessada de que não sabemos ou não conseguimos dar. Ainda que as mãos se atulhem de embrulhos, sabemo-las no fundo vazias, atadas às suas posições invisíveis, incapazes de dar não o inútil, mas o que seria preciso, indisponíveis para a tarefa da reparação da vida, equivocadas em relação à verdadeira carência ou ao diagnóstico que fazem da escassez e da lacuna. Há uma dor submersa, uma ferida que brota do confronto com esta nossa vulnerabilidade, sobretudo quando desistimos de faze