Pular para o conteúdo principal

Perder a face não é o drama da vida. O drama da vida é não dar a vida

Resultado de imagem para Papa Francisco com os jovens imagens
Deus não se escuta estando no sofá. Compreendeis? Sentado, a vida cómoda, sem fazer nada, e quero escutar o Senhor. Asseguro-te que ouvirás qualquer coisa menos o Senhor. O Senhor, com a vida cómoda, no sofá, não se escuta. Permanecer sentados, na vida (…), cria interferência com a Palavra de Deus, que é dinâmica. A Palavra de Deus não é estática, e se tu estás estático não podes ouvi-lo. Deus descobre-se caminhando. Se tu não estás a caminho para fazer alguma coisa, para trabalhar para os outros, para levar um testemunho, para fazer o bem, nunca escutarás o Senhor. Para escutar o Senhor é preciso estar a caminho, não esperando que na vida aconteça magicamente alguma coisa. (…)

Deus detesta a preguiça e ama a ação. Colocai bem isto no coração e na cabeça: Deus detesta a preguiça e ama a ação. Os preguiçosos não podem herdar a voz do Senhor. Entendido? Mas não se trata de mexer-se para estar em forma, de correr todos os dias para treinar-se. Não, não se trata disso. Trata-se de mexer o coração, meter o coração a caminho. (…) Se queres ouvir a voz do Senhor, põe-te a caminho, vive em procura. O Senhor fala a quem está à procura. Quem procura, caminha. Estar em procura é sempre saudável; sentir-se já chegados, sobretudo para vós, é trágico. Entendestes? Nunca vos sintais chegados, nunca. Gosto de dizer, retomando o ícone do sofá, que é mau ver um jovem reformado. É mau! Um jovem deve estar a caminho, não na reforma. A juventude impele-te a isso, mas se tu te reformas aos 22 anos, envelheceste demasiado cedo, demasiado cedo.

Jesus dá-nos um conselho para escutar a voz do Senhor: «Procurai e encontrareis». Mas onde procurar? Não no telemóvel, como disse: por aí as chamadas do Senhor não chegam. Não na televisão, onde o Senhor não tem qualquer canal. Nem na música ensurdecedora e nos efeitos da droga que entontece: aí a linha com o céu é interrompida. O Senhor também não é para ser procurado à frente do espelho – este é um perigo, ouvi bem: o Senhor não é para ser procurado à frente do espelho –, onde ao estar-se só se arrisca a ficar desiludido por aquilo que se é.

Que amargura vós sentis, às vezes, que conduz à tristeza: «mas eu quem sou?»; «que faço?»; «não sei o que fazer» - e isto conduz à tristeza. Não. Em caminho, sempre em caminho. Não o procureis no vosso quartinho, fechados em vós próprios a repensar no passado ou a vaguear com o pensamento num futuro ignoto. Não, Deus fala agora na relação. No caminho e na relação com os outros. Não vos fecheis em vós próprios, confiai-vos nele, confiai tudo a Ele, procurai-o na oração, procurai-o no diálogo com os outros, procurai-o sempre em movimento, procurai-o em caminho.

Compreendereis que Jesus acredita em vós mais de quanto vós acreditais em vós próprios. Isto é importante: Jesus acredita em vós mais do quanto vós acreditais em vós próprios. Jesus ama-vos mais do que quanto vós vos amais. Procurai-o saindo de vós mesmos, em caminho: Ele espera-vos. Fazei grupo, fazei amigos, fazei caminhos, fazei encontros, fazei Igreja assim, caminhando. O Evangelho é escola de vida, o Evangelho leva-nos sempre ao caminho. Creio que este é o modo de preparar-se para escutar o Senhor.

E depois ouvireis o convite do Senhor a fazer uma coisa ou uma outra. No Evangelho vemos que a alguém diz «segue-me», a outro diz «vai e faz isso». O Senhor far-te-á ouvir o que quer de ti, desde que não estejas sentado, que estejas em caminho, que procures os outros e procures fazer diálogo e comunidade com os outros, e sobretudo que tu rezes. Reza com as tuas palavras, com aquilo que te vem do coração. É a oração mais bela. Jesus chama-nos sempre a lançarmo-nos ao largo: não te satisfaças em olhar para o horizonte da costa, não, avança. Jesus não quer que fiques no banco, convida-te a descer ao campo. Não te quer nos bastidores a olhar os outros ou na tribuna a comentar, mas quer-te em cena. Mete-te em jogo! Tens medo de fazer figuras tristes? Fá-las, paciência. Todos fizemos tantas, tantas. Perder a face não é o drama da vida. O drama da vida é antes não nos metermos de cara: esse é que é o drama, é não dar a vida. É melhor cavalgar os sonhos belos com algumas figuras tristes do que tornar-se reformados pelo viver sossegado – barrigudos, cómodos. É melhor bons idealistas do que realistas preguiçosos; é melhor ser D. Quixote do que Sancho Pança.

Outra coisa que vos pode ajudar, disse-o de passagem mas quero repeti-lo: sonhai em grande. Sonhai em grande, à grande. Porque nos grandes sonhos encontrarás muitas, muitas palavras do Senhor que te está a dizer alguma coisa.

Caminhar, procurar, sonhar. Um último verbo que ajuda para escutar a voz do Senhor é servir, fazer alguma coisa pelos outros. Sempre para os outros, não dobrado sobre ti próprio, como aqueles que têm por nome “eu, mim, comigo, para mim”, aquela gente que vive para si mesma mas no fim acaba como o vinagre, tão mau…

[Papa Francisco | Encontro com jovens, 15.9.2018, Palermo, Itália]

Postagens mais visitadas deste blog

ORAÇÃO PARA SER REZADA TODOS OS DIAS

 Ave Maria  de  Alta Graça         Ave Maria de Alta Graça, Luz Divina que o sol embaça, Ave Maria Paz e Minha Guia, me acompanhe neste dia Deus e a Virgem Maria, o mar se abrande, cessem os perigos, retrocedei todos os viventes que estiverem neste dia contra mim; Se tiverem pés não me alcancem, braços não me toquem, olhos não me enxerguem e língua não me falem; Faltem as forças a todos aqueles que me quiserem fazer o mal. Eu com o Manto de Nosso Senhor Jesus Cristo serei coberto, com seu sangue, serei baforado, não serei preso e nem amarrado; Viverei em paz e harmonia assim como viveu Nosso Senhor Jesus Cristo no ventre puríssimo de Sua Mãe Maria Santíssima.

Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero

  SANTO ANTÔNIO Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero A palavra é viva quando são as obras que falam Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as veem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras. Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o Espírito Santo os inspirava (cf. At 2,4). Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme suas ideias! Pois há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usa...

LIVRES PARA AMAR

  LIVRES PARA AMAR Lembrei-me do que Chiara nos tinha dito um dia - sempre nos tempos de guerra, quando cada instante teria podido ser o último e vivíamos, portanto, sempre diante da morte. Chiara havia dito naquela vez: “É preciso acabar com o passado: o passado é passado; se vocês querem perder tempo pensem no passado. O futuro não nos pertence, está nas mãos de Deus. Deus não é aquele que foi ou aquele que será: é aquele que é. Se vocês pedem perdão a Deus e começam uma vida nova, naquele instante Ele perdoa, e vocês começam a amá-Lo com toda mente, com todas as forças e com todo coração. A misericórdia de Deus desce sobre vocês, e a misericórdia de Deus é Deus mesmo, é como um manto de ouro...”.. (Ginetta, uma vida pelo Ideal da unidade, Cidade Nova, 2006, pp. 129-130)