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PACÍFICOS OU PASSIVOS?

1. Eis-nos — uma vez mais — a soluçar de aflição perante tantos que fazem, que mal fazem e que fazem o mal.
A sua capacidade de iniciativa é de espantar, arrepiar e assustar.
2. Acresce que tal capacidade não é meramente executiva. É também uma capacidade — despudoradamente — argumentativa.
Os que ameaçam, agridem e matam não enjeitam sequer o topete de garantir que estão a agir bem, a promover o bem. E, como se tal não bastasse, ainda se ufanam de que estão a proteger-nos.
3. Era bom que (re)lessem Isaías: «Ai dos que chamam bem ao mal e ao mal, bem; ai dos que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo» (Is 5, 20).
Muito mais recentemente, também Xavier Zubiri advertiu que iria chegar um tempo em que até os maldosos haveriam de se apresentar como bondosos.
4. De facto, o «empreendedorismo» de muitos na «indústria do mal» causa doses homéricas de calafrios nos mais insensíveis.
Como pudemos chegar aqui? Como foi possível consentir aquilo que achamos impossível alguém sentir?
5. O problema da humanidade não está só na acção de muitos. Está igualmente na inacção de tantos.
Para Luther King, «a nossa geração vai ter de se arrepender não apenas das odiosas palavras e acções dos maus, mas também do confrangedor silêncio dos bons».
6. Muitas vezes, confundimos paz com passividade. Tendemos a confundir pacífico com passivo.
E é assim que o caminho fica inteiramente aberto aos «profissionais da maldade».
7. Por um lado, presumimos que o mal ainda vem longe e que acabará por não nos atingir.
Por outro lado, incorporamos o princípio de que a aquietação nos traz mais benefícios que a inquietação.
8. É claro que não poderemos fazer muito. A «razão da força», não conhecendo escrúpulos, é capaz de degolar quem invoca a «força da razão».
Mas, mesmo assim, é fundamental que as vozes alternativas se façam ouvir. E que proclamemos bem alto que é viável outro modo de existir.
9. Não nos resignemos a ser espectadores deste «vulcão de maldade» que nos servem a cada instante.
A paz é, por natureza, proactiva. Um pacífico que não toma posição diante do mal é conivente — e permissivo — com ele.
10. Ser pacífico não é nada fazer; pelo contrário, é tudo fazer para que a paz se instale no mundo, a começar por cada pessoa que há no mundo.
É por isso que quem é passivo não é pacífico. A paz não é indolente. Só quem milita na justiça merece ter lugar no «colo» da paz! P. João Antonio Pinheiro

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