A Encíclica Laudato Si' completa 5 anos e temos que celebrar!
10. Não quero prosseguir esta encíclica sem invocar um modelo belo e motivador. Tomei o seu nome por guia e inspiração, no momento da minha eleição para Bispo de Roma. Acho que Francisco é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade. É o santo padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia, amado também por muitos que não são cristãos. Manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados. Amava e era amado pela sua alegria, a sua dedicação generosa, o seu coração universal. Era um místico e um peregrino que vivia com simplicidade e numa maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo. Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior.
10. Não quero prosseguir esta encíclica sem invocar um modelo belo e motivador. Tomei o seu nome por guia e inspiração, no momento da minha eleição para Bispo de Roma. Acho que Francisco é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade. É o santo padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia, amado também por muitos que não são cristãos. Manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados. Amava e era amado pela sua alegria, a sua dedicação generosa, o seu coração universal. Era um místico e um peregrino que vivia com simplicidade e numa maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo. Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior.
11. O seu testemunho mostra-nos também que uma
ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem
das ciências exactas ou da biologia e nos põem em contacto com a essência do
ser humano. Tal como acontece a uma pessoa quando se enamora por ou- tra, a
reacção de Francisco, sempre que olhava
o sol, a lua ou os minúsculos animais, era cantar, envolvendo no seu louvor
todas as outras cria- turas. Entrava em comunicação com toda a criação,
chegando mesmo a pregar às flores « convidando-as a louvar o Senhor, como se
gozassem do dom da razão ».19 A sua reacção ultrapassava de longe uma mera
avaliação intelectual ou um cálculo económico, porque, para ele, qualquer
criatura era uma irmã, unida a ele por laços de carinho. Por isso, sentia-se
chamado a cuidar de tudo o que existe. São Boaventura, seu discípulo, contava
que ele, « enchendo-se da maior ternura ao considerar a origem comum de todas
as coisas, dava a todas as criaturas – por mais desprezíveis que parecessem – o
doce nome de irmãos e irmãs ».20 Esta convicção não pode ser desvalorizada como
romantismo irracional, pois influi nas opções que determinam o nosso comportamento.
Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a
admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza
na nossa relação com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador,
do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um
limite aos seus interesses imediatos. Pelo contrário, se nos sentirmos
intimamente unidos a tudo o que existe, então brotarão de modo espontâneo a sobriedade
e a solicitude. A pobreza e a austeridade de São Francisco não eram
simplesmente um as- cetismo exterior, mas algo de mais radical: uma renúncia a
fazer da realidade um mero objecto de uso e domínio.
12. Por outro lado, São Francisco, fiel à Sagrada
Escritura, propõe-nos reconhecer a natureza como um livro esplêndido onde Deus
nos fala e transmite algo da sua beleza
e bondade: « Na grandeza e na beleza das criaturas, contempla-se, por analogia,
o seu Criador » (Sab 13, 5) e « o que é invisível n’Ele – o seu eterno poder e
divindade– tornou-se visível à inteligência, desde a criação do mundo, nas suas
obras » (Rm 1, 20). Por isso, Francisco pedia que, no convento, se deixasse
sempre uma parte do horto por cultivar para aí crescerem as ervas silvestres, a
fim de que, quem as admirasse, pudesse elevar o seu pensamento a Deus, autor de
tanta beleza. O mundo é algo mais do que um problema a resolver; é um mistério
gozoso que contemplamos na alegria e no louvor.