XIII Domingo do Tempo Comum (Ano b) (27/06/2021)
Evangelho: Mc 5: 21-43
Na dor e na vida, Jesus segura-te pela mão
Padre Ermes Ronchi
Há uma casa em Cafarnaum, onde a morte se aninha; uma casa importante, a do chefe da sinagoga. Casa poderosa, mas incapaz de garantir a vida de uma criança.
Jairo saiu, caminhou em busca de Jesus, encontrou-o, atirou-se a seus pés: Minha filhinha está a morrer, vem! Tem doze anos, idade em que é preciso florescer, não sucumbir! Jesus escuta o grito do pai, interrompe o que estava a fazer, muda os seus projectos e partem juntos, o livre Senhor das ruas e o homem da instituição. A dor e o amor começaram a marcar o ritmo da música absoluta, é Jesus que entra: são as nossas raízes e chega até nós, com passo de mãe, atravessando as raízes.
Vieram de casa dizer: a tua filha está morta. Para quê incomodar ainda o mestre? A tempestade definitiva chegou. A última esperança caiu. E então Jesus vira-se, aproxima-se, faz barreira à dor: não tenham medo, apenas fé. Chegando a casa, Jesus leva consigo o pai e a mãe, recompõe o círculo vital dos afectos, o círculo do amor que nos faz viver. “Amar é dizer: não vais morrer” (Gabriel Marcel).
Leva também os três discípulos favoritos com ele, coloca-os na escola da existência. Não explica por que se morre aos doze anos, por que há dor, mas leva-os consigo no combate corpo a corpo com o último inimigo. "Pegou na mão da menina." Jesus é uma mão que te agarra pela mão. Belo quadro: Deus e uma menina, de mãos dadas.
Não era permitido por lei que se tocasse um morto, tornava-se impuro, mas Jesus é um perfume de liberdade. E ensina-nos que devemos tocar o desespero das pessoas para levantá-las. Uma história de mãos: em todas as casas, ao lado do leito da dor ou do parto, o Senhor está sempre com a mão estendida, como fez com Pedro quando se afundava na tempestade.
Não é um dedo apontado, mas uma mão forte que nos agarra. Talita kum. Menina, levanta-te. Pode ajudá-la, apoiá-la, mas ela, só ela pode decidir-se levantar. E imediatamente a criança se levantou e caminhou, voltou aos abraços dos seus pais, a uma vida vertical e orientada. " Ordenou aos pais que a alimentassem."
Diz àqueles que a amam: guardem esta vida com as vossas vidas, façam-na crescer, estimulem-na para se tornar o melhor que possa ser. Alimentai o seu coração renascido de criança com sonhos, carícias e confiança.
E então Deus repete sobre cada criatura, sobre cada flor, sobre cada homem, sobre cada mulher, sobre cada criança e sobre cada menina, a bênção daquelas palavras antigas: "Talita kum. Vida jovem, eu te digo: levanta-te, ressurge , revive, resplandece. Volta aos abraços.