O padre português Sérgio Leal ajuda-nos a compreender o conceito de sinodalidade e o que isso significa no caminho proposto pelo Papa Francisco.
Em primeiro lugar, a melhor forma de descrever a sinodalidade é indo à etimologia. O Papa Francisco faz isto sempre que fala de sinodalidade. Diz ele: ‘Sinodalidade, tudo aquilo que a caracteriza está contido na palavra synodos, caminho conjunto’. Caminho de toda a Igreja: pastores, fiéis, consagrados, religiosos, religiosas, todos os batizados. E, portanto, podemos dizer que sinodalidade é, em primeiro lugar, um caminho conjunto. É verdade que hoje muitas vezes falamos de sinodalidade ligando a estruturas de corresponsabilidade e de comunhão, eu diria que mais do que estruturas ou um somatório de estruturas a sinodalidade é um estilo, um modo de ser Igreja” – afirmou.
A igreja sinodal é uma Igreja que se reconhece como instrumento nas mãos de Deus. Como lugar da ação de Deus. E se nos entendemos lugar da ação daquele que é maior do que nós, então reconhecemos a nossa condição humilde que em nada nos enfraquece, pelo contrário nos engrandece. E neste sentido a Igreja sinodal é uma Igreja também da humildade. A escuta pressupõe a humildade de me perceber a caminho com outros. Uma Igreja da escuta, uma Igreja sinodal não me coloca acima do outro, mas a caminho com ele. E é este novo modo de ser e de estar como diz o documento da Comissão Teológica internacional, este “modus vivendi et operandi” que caracteriza a sinodalidade e por isso faz dela, não apenas um método, não um conjunto de estruturas, mas um estilo, um modo de ser Igreja, uma dinâmica que nos conduz à conversão pastoral, que caracteriza o nosso modo de ser e por isso deve estar presente no modo de agir da Igreja. E, por isso, uma Igreja que não se reconheça humildemente a caminho, que não tenha esta atitude de humildade, de uma escuta que pressupõe silêncio… Nós estamos habituados a uma Igreja que tem sempre a última palavra sobre tudo, que tem sempre uma palavra para tudo. E diante dos dramas da história, muitas vezes, também a atitude de silêncio, de escuta, de quem está a caminho, de quem não é autossuficiente e autorreferencial, porque a Igreja nasce de Deus e para Ele caminha, isto traz uma nova marca”.