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Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?

 

São Gregório de Nazianzo (330-390)
bispo, doutor da Igreja
Sermão 45, 23-24


«Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?»

Vamos participar na festa da Páscoa. Voltaremos a fazê-lo de maneira simbólica, mas já de maneira mais clara do que sob a antiga Lei, porque essa Páscoa era, se assim ouso exprimir-me, uma imagem obscura do próprio símbolo. […]
Participemos nesta festa ritual de maneira evangélica, e não literária, de maneira perfeita, e não inacabada, em atitude de eternidade, e não de instante. Não tomemos como capital a Jerusalém terrena, mas a cidade celeste, não a que é hoje esmagada aos pés pelos exércitos, mas a que é glorificada pelos anjos. Não sacrifiquemos os jovens touros e os novilhos com chifres e unhas (cf Sl 68,32), mais mortos do que vivos e desprovidos de inteligência, mas ofereçamos a Deus um sacrifício de louvor (cf Sl 49,14), no altar celeste e em união com os coros do Céu. Afastemos o primeiro véu, avancemos até ao segundo, ergamos o olhar para o Santo dos Santos. Direi antes: imolemo-nos a nós próprios a Deus; melhor, ofereçamos-Lhe diariamente todas as nossas ações. Aceitemos tudo por causa do Verbo. Subamos com pressa até à cruz, cujos cravos são doces, ainda que sejam extremamente dolorosos. Mais vale sofrer com Cristo e por Cristo, do que viver em delícias com outros.
Se fores Simão de Cirene, toma a cruz e segue Cristo. Se fores crucificado com Ele como um ladrão, faz como o bom ladrão: reconhece a Deus. […] Se fores José de Arimateia, reclama o corpo a quem O mandou crucificar; faz tua a purificação do mundo. Se fores Nicodemos, o servidor noturno de Deus, vem depositar este corpo no túmulo e perfumá-lo com mirra. E se fores Maria, ou Salomé, ou Joana, chora desde o começo do dia: sê o primeiro a ver a pedra do túmulo afastada, talvez mesmo os anjos, ou o próprio Jesus.

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