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Mostrando postagens de março, 2017
Mulher em frente ao espelho -Picasso Este quadro de Picasso que se entitula de  Mulher em frente ao espelho  representa para mim muitas das questões que se passam no nosso dia-a-dia, no interior do nosso ser. Sem querer optar pelas interpretações mais comuns e oficiais desta obra, prefiro olhar para ela como reflexo do que se passa na nossa sociedade, nos dias que correm. Na minha opinião, as nossas prioridades estão de tal forma trocadas, damos tanta importância àquilo que os outros afirmam acerca de nós, que temos cada vez mais dificuldades em ver o nosso próprio eu. De tal modo que, olhamos para o espelho e o que vimos não é, nem de perto de longe, o que lá está. Perdemos a noção daquilo que verdadeiramente somos, das nossas potencialidades, das nossas virtudes, das nossas múltiplas belezas. A imagem tornou-se tão importante nos dias que correm que chega a fazer com que fiquemos doentes se não gostamos daquilo que vemos em nós. E, então, olhamo-nos ao espelho e vemos uma cara

PAPA FRANCISCO

"AMEM AMÉM!" O desprezo pela Sagrada Escritura, que passa por lê-la ou ouvi-la mas não a assumir, é caminho certo para a insensibilidade às pessoas e às suas necessidades e conduz ao ateísmo, afirmou hoje o papa, no Vaticano.   «Quando não nos detemos para escutar a voz do Senhor, acabamos por nos afastar, afastamo-nos dele, voltamos as costas. E se não se escuta a voz do Senhor, escutam-se outras vozes», vincou Francisco na homilia da missa a que presidiu, revela a Rádio Vaticano. Fazer ouvidos moucos à Palavra de Deus tem consequências graves na vida pessoal e comunitária cristã: «Todos nós, se hoje nos detivermos um pouco e olharmos para o nosso coração, veremos quantas vezes - quantas vezes! - fechámos os ouvidos e quantas vezes nos tornámos surdos».   «E quando um povo, uma comunidade, mas digamos também uma comunidade cristã, uma paróquia, uma diocese, fecha os ouvidos e se torna surda à Palavra do Senhor, procura outras vozes, outros senhores, e vai aca

Todos temos necessidade de ser carregados pelo Bom Pastor

O Papa Francisco continuou na Audiência Geral de quarta-feira, 22 de março de 2017, seu ciclo de catequeses sobre a esperança cristã, lembrando a perseverança e a consolação, tratadas pelo Apóstolo Paulo na Carta aos Romanos.   “É nas Escrituras que o Pai do Senhor nosso Jesus Cristo se revela como Deus da perseverança e da consolação” disse o Papa aos cerca de 15 mil fieis presentes na Praça São Pedro. A perseverança, explicou Francisco, poderíamos defini-la também como paciência, pois ela é a capacidade de suportar, permanecer fieis, mesmo quando o peso parece tornar-se demasiado grande, insustentável, e seríamos tentados a julgar negativamente e abandonar tudo e todos. E consolação, por sua vez, é a graça de saber perceber e mostrar em todas as situações, mesmo naquelas mais marcadas pela decepção e sofrimento, a presença e a acção misericordiosa de Deus. São Paulo recorda-nos que tanto a perseverança como a consolação nos são transmitidas de um modo particular pelas Es

O sacrifício espiritual

Do Tratado sobre a oração, de Tertuliano, presbítero (Cap.28-29: CCL 1,273-274)             (Séc. III) O sacrifício espiritual A oração é o sacrifício espiritual que aboliu os antigos sacrifícios.  Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado. Quem vos pediu estas coisas?  (Is 1,11). O Evangelho nos ensina o que pede o Senhor:  Está chegando a hora, diz ele,em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Deus é espírito  (Jo 4,23.24), e por isso procura tais adoradores. Nós somos verdadeiros adoradores e verdadeiros sacerdotes, quando, orando em espírito, oferecemos o sacrifício espiritual da oração, como oferenda digna e agradável a Deus, aquela que ele mesmo pediu e preparou. Esta oferenda, apresentada de coração sincero, alimentada pela fé, preparada pela verdade, íntegra e inocente, casta e s

Bem-aventurados os puros de coração,

Do Livro A Autólico, de São Teófilo de Antioquia, bispo (Lib. 1,2.7:PG6,1026-1027.1035)            (Séc.II) Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus Se me disserem: “Mostra-me o teu Deus”, dir-te-ei: “Mostra-me o homem que és e eu te mostrarei o meu Deus”. Mostra, portanto, como veem os olhos de tua mente e como ouvem os ouvidos de teu coração. Os que veem com os olhos do corpo, percebem o que se passa nesta vida terrena, e observam as diferenças entre a luz e as trevas, o branco e o preto, o feio e o belo, o disforme e o formoso, o que tem proporções e o que é sem medida, o que tem partes a mais e o que é incompleto; o mesmo se pode dizer no que se refere ao sentido do ouvido: sons agudos, graves ou harmoniosos. Assim também acontece com os ouvidos do coração e com os olhos da alma, no que diz respeito à visão de Deus. Na verdade, Deus é visível para aqueles que são capazes de vê-lo, porque mantêm abertos os olhos da alma. Todos têm olhos, mas alguns os

«Quem não deve, não teme». Jesus e a Samaritana.

O encontro de Jesus com a Samaritana sempre me seduziu. E esta sedução pouco tem a ver com a questão da água viva, tão relevada pela teologia e pela pastoral. O que mais me seduz é o à vontade com que Jesus se encontra com as pessoas. A frontalidade, a franqueza, a cordialidade... Este encontro com esta mulher lembra-me desde sempre aquele provérbio bem português: «Quem não deve, não teme».   Jesus sabe quem são os samaritanos. Sabe que os verdadeiros judeus não se relacionam com estes, por não serem puros. Jesus também sabe que um homem nunca ficava a falar sozinho com uma mulher. Ainda por cima junto a um poço. Este era a "praça pública" do seu tempo, onde se encontravam as pessoas para os mais variados assuntos da vida diária.  E àquela hora, era uma mulher que "fugia" dos outros. Sabemos pelo evangelho que tinha um homem que não era seu marido…   Temos tudo o que é necessário para construir uma péssima fama à volta do Senhor... Apesar deste "cenári
 Is 30,15.18 Eis o que diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: “Sereis salvos, se buscardes a salvação e a paz; no silêncio e na esperança estará a vossa força”. Por isso o Senhor está pronto a compadecer-se de vós, e, perdoando-vos, será glorificado na medida em que o Senhor é um Deus de justiça: felizes todos aqueles que esperam nele.

JOAO 4

[...]   2. O Evangelho [...] oferece-nos o grande diálogo de Jesus com a samaritana (João 4,5-42). A meticulosa preparação da cena mostra-nos Jesus a fazer a viagem da Judeia para a Galileia, com o narrador a anotar que «era preciso passar pela Samaria» (João 4,4). Aquilo que parece óbvio à primeira vista, na verdade não o é. Quem, no tempo de Jesus, fazia essa viagem, evitava mesmo passar pela Samaria: desde logo porque a estrada era montanhosa, mas também porque eram hostis as relações entre judeus e samaritanos. A viagem habitual fazia-se, descendo de Jerusalém para Jericó, atravessando depois o Jordão para Oriente, junto de Damyiah, percorrendo então por terra plana o Além-Jordão (atual Jordânia) sempre junto do rio Jordão, para voltar depois a atravessar o Jordão, agora para Ocidente, junto de Bet-Shean, um pouco a sul do Mar da Galileia. E estava-se na Galileia. Evitava-se assim a estrada montanhosa da Samaria, bem como eventuais hostilidades com os samaritanos. Se o narrado

Como devem jejuar os discípulos de Cristo

Como devem jejuar os discípulos de Cristo «Há realmente um jejum não corporal e uma temperança não material: a abstinência do mal pela alma convertida. Foi justamente em vista desta que nos foi prescrita a abstinência de alimentos. Por isso jejuai do mal; sede fortes contra os desejos incompatíveis; repeli o ganho ilícito; matai de fome a avareza dos dinheiro; nada haja em tua casa fruto de violência ou de roubo. Que te adianta se não dás carne ao corpo, mas mordes o irmão pela maledicência? Ou que vantagem se não cornes do que é teu, e tomas injustamente aquilo que é do pobre? Que piedade é esta que só bebe água, mas trama enganos e tem sede de sangue pela perversidade? Sem dúvida alguma Judas jejuou com os onze; mas por não ter antes dominado a avareza, de nada lho serviu a abstinência para a salvação. Também o diabo não come, pois é espírito incorpóreo; mas pelo mal do orgulho caiu até o mais fundo. Da mesma forma nem um dos demónios foi condenado por comer carnes assadas nem por

Busquemos a Deus, único bem verdadeiro

Do Tratado sobre a fuga do mundo, de Santo Ambrósio, bispo (Cap.6,36; 7,44: 8,45;9,52:CSEL32,192.198-199.204)            (Séc.IV) Busquemos a Deus, único bem verdadeiro Onde está o coração do homem está também o seu tesouro; pois Deus não costuma negar o bem aos que lhe pedem. Porque o Senhor é bom, e é bom sobretudo para os que nele esperam, unamo-nos a ele, permaneçamos com ele de toda a nossa alma, de todo o coração e de todas as forças, para vivermos na sua luz, vermos a sua glória e gozarmos da graça da felicidade eterna. Elevemos nossos corações para esse bem, permaneçamos e vivamos unidos a ele, que está acima de tudo quanto possamos pensar ou imaginar; e concede a paz e a tranquilidade perpétuas, uma paz que ultrapassa toda a nossa compreensão e sentimento. É esse o bem que tudo penetra; todos vivemos nele e dele dependemos; nada lhe é superior, porque é divino. Só Deus é bom e, portanto, o que é bom é divino e o que é divino é bom; por isso se diz no salmo:  Vós a

Os sonhos vencem as dores

Os sonhos vencem as dores Há quem acordado pressinta o nascer do sol quando ainda todos os outros dormem. Há quem durma apenas para que o seu corpo e espírito possam descansar da guerra que é a sua vida. A alma liberta-se das prisões a que, tantas vezes, as injustiças a condenam.   O mundo é duro. Muitos são os que desistem e nos deixam sós a querer o alto da existência, eles preferem contentar-se com o momento… nós queremos a vida. Afinal, quem se satisfaz com o mínimo, não merece mais.   Os sonhos são pedaços de eternidade. Viagens por entre os futuros possíveis. Amanhãs pelos quais a vontade anseia. O pior dos sonhos é que todos os temos… a diferença entre a alegria e a tristeza não está no facto de se ter ou não sonhado… mas no que se fez de concreto para mudar a vida para melhor.   Decisões difíceis e arriscadas. Esperar apesar dos desesperos, manter a fé contra as evidências, lutar mesmo quando vencer parece impossível.   Como se vence o sofrimento? Com obra

“falar é uma necessidade, escutar é uma arte”! Goethe

Ouvir e escutar será a mesma coisa? Se perguntarmos a pais, professores, e toda a espécie de comunicadores, creio que será possível concordar numa diferença fundamental: não são a mesma coisa! “Não me ouviste?”, diz o pai já irritado ao filho distraído; “Estão a ouvir?” insiste o professor à turma irrequieta; “Para os nossos ouvintes...”, lança no ar o locutor. Sim, se não estivermos de auscultadores postos nem sofremos de surdez, até ouvimos, mas “escutar” pertence ao plano da atenção, do acolhimento, da dedicação do pensamento. Escutar é o que fazemos quando o António Zambujo canta e nos suspende num silêncio, como se fosse só para nós (e quem diz ele, diz o Chico, o Caetano, a Bethânia, a Mariza...!). Escutar é beber as palavras e os olhos e os gestos da pessoa amada que nos abre o coração. Escutar é despirmo-nos da tentação de pensar nas respostas, e receber, abraçando, as dores ou alegrias que alguém partilha![...] Escutar Jesus, como o Pai pediu no Tabor (é o seu único pedido

Papa Francisco: Somos chamados ao amor sincero, não hipócrita

Quarta-feira, dia da habitual audiência geral do Papa Francisco na Praça de S. Pedro, hoje, mais uma vez repleta de fiéis e peregrinos vindos de diversas partes da Itália e do mundo. Tema da catequese deste ano, é a esperança cristã, hoje centrada na carta do Apóstolo Paulo aos Romanos (Rm 12, 9-13): “Que a, vossa caridade, diz o apóstolo Paulo, seja sincera, aborrecendo o mal e aderindo ao bem. Amai-vos uns aos outros com amor fraternal, adiantando-vos em honrar uns aos outros. Sede diligentes, sem fraqueza, ferverosos de espírito, dedicados ao serviço do Senhor. Alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração, (…) exercendo hospitalidade”.   Ora, nós sabemos muito bem, disse Francisco, que o grande mandamento que Jesus nos deixou é o mandamento do amor: amar a Deus com todo o nosso coração, com a toda a nossa alma e com toda a nossa mente e amar ao próximo como a nós mesmos. Somos portanto chamados ao amor, à caridade: esta é a nossa vocação mais sublime,