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Mostrando postagens de junho, 2018

«Tira primeiro a trave da tua vista e então verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão»

O amor — «caritas» — é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem a sua origem em Deus, Amor eterno e Verdade absoluta. Cada um encontra o bem próprio aderindo ao projeto que Deus tem para ele, a fim de o realizar plenamente: com efeito, é em tal projeto que encontra a verdade sobre si mesmo e, aderindo a ela, torna-se livre (cf Jo 8,32). A caridade é amor recebido e dado; é «graça» («cháris»). A sua nascente é o amor fontal do Pai pelo Filho no Espírito Santo. É amor que, pelo Filho, desce sobre nós. É amor criador, pelo qual existimos; amor redentor, pelo qual somos recriados. Amor revelado e vivido por Cristo (cf Jo 13,1), que é «derramado em nossos corações pelo Espírito Santo» (Rom 5,5). Destinatários do amor de Deus, os homens são constituídos sujeitos de caridade, chamados a fazerem-se eles mesmos instrumentos da graça, para difundir a caridade de Deus e tecer redes de carida

João nasce quando os dias começam a diminuir e Jesus quando começam a aumentar

«É necessário que Ele cresça e eu diminua» ( Jo 3,30) O nascimento de João e o de Jesus, e depois a Paixão de cada um, marcaram a diferença entre eles. Com efeito, João nasce quando o dia começa a diminuir; Cristo, quando o dia começa a crescer. A diminuição do dia no caso do primeiro é um símbolo da sua morte violenta; o crescimento do dia no caso do segundo é um símbolo da exaltação da cruz. O Senhor revela também um sentido secreto desta palavra de João acerca de Jesus Cristo: «É necessário que Ele cresça e eu diminua.» Toda a justiça humana se consumara em João, acerca de quem dizia a Verdade: «Entre os filhos das mulheres, não surgiu nenhum maior do que João Baptista» (Mt 11,11). Nenhum homem teria, pois, podido ultrapassá-lo; mas ele era apenas um homem. Ora, na graça cristã, pede-se-nos que não nos glorifiquemos no homem, «mas se alguém se glorifica que se glorifique no Senhor» (2Cor 10,17): o homem no seu Deus; o servo no seu senhor. É por este motivo que João exclama: «É
«A palavra de Deus é viva e eficaz: conhece os pensamentos e intenções do coração», diz-nos a Carta aos Hebreus. É no coração, na nossa identidade mais profunda,que a oração deve encontrar a sua casa, o seu espaço,o seu ritmo. Não permitas que a tua oração permaneça exterior a ti,nos teus lábios, nos teus propósitos, nas tuas ideias;mas entrega ao Senhor, à sua Palavra viva e libertadora.
  — José Saramago, in "Claraboia". (Editorial Caminho; 1.ª edição [2011]).

Para ser grande

  Miguel de Unamuno, in "Verdade e Vida". (Edição da Universidade da Beira Interior; Trad. João da Silva Gama; (-) edição [2008]
"Como explicar que o homem, um animal tão predominantemente construtivo, seja tão apaixonadamente propenso à destruição? Talvez porque seja uma criatura volúvel, de reputação duvidosa. Ou talvez porque seu único propósito na vida seja perseguir um objetivo, algo que, afinal, ao ser atingido, não mais é vida, mas o princípio da morte". - Fiódor Dostoiévsk

São Bernardo de Claraval, os anjos e a oração verdadeira

Em uma noite, enquanto Bernardo rezava em uma Igreja, teve uma visão:  – Ao começar a cerimônia, vi descer do céu uma multidão de anjos. Cada anjo se colocou ao lado de um dos fiéis presentes; cada um abriu um livro e começaram a escrever. Percebi que alguns anjos escrevia com letras de ouro; outros, com letras de prata; outros com tinta; e outros com água. Então, Bernardo perguntou:     –  Por que vocês não escrevem com o mesmo material? Um dos anjos explicou para ele:     –  Escrevemos com ouro as orações feitas com amor; com prata, as orações feitas com fé; com tinta, as orações feitas com atenção; com água, as orações feitas só com os lábios.

«Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão»

São João Crisóstomo (c. 345-407) presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja Homilias sobre a 1.ª carta aos Coríntios,, n.º 27 «Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão» A Igreja não existe para estarmos divididos, mas para que as nossas divisões acabem; é esse o sentido da assembleia. Assim, pois, se vimos à eucaristia, não pratiquemos nenhuma ação que contradiga a eucaristia, não façamos sofrer o nosso irmão. Se vindes dar graças pelos bens recebidos, não vos separeis do vosso próximo. Cristo oferece o seu corpo a todos sem distinção quando diz «Tomei e comei dele todos», e vós fazeis seleção dos que admitis à vossa mesa? [...] Estais a fazer memória de Cristo e desdenhais o pobre? [...] Se tomais parte neste banquete divino, deveis ser compassivos. Bebestes o sangue de Cristo e não reconheceis o vosso irmão? Ainda que o não tenhais reconhecido até agora, deveis reconhecê-lo a esta mesa. Temos de estar todos na Igreja como numa casa comum, pois form
Marcel Proust avisou: «A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos»

Tranquilidade

A agitação pode ser combatida. Aos aflitos  Jesus diz: “Tranquilize-se! Sou Eu! Estou com você! Não se assuste! No mundo, você terá aflições, mas tenha coragem! Eu venci. Estive morto, mas agora vivo para todo o sempre”. Tranquilo vem do Latim   tranquilus , “calmo, pacífico”, formado por trans-, aqui com o sentido de “muito além, sem par” mais quies, “descanso, calma”. A parte da palavra “trans” sugere movimento, sair para a quietude, feliz. É possível transpor as barreiras. “Senhor Jesus, sinto tanta aflição em meu interior! Angústias, irritações, medos, desespero, e tantas coisas passam pela minha mente. Peço que acalme meu espírito, que me dê Teu refrigério. Ajude-me a relaxar e descansar, pois eu preciso, meu Senhor! As aflições me consomem, e eu não sei como calá-las. Toma tudo o que me deixa assim nas Tuas mãos e leva pra bem longe; toda dor, sofrimento, problemas, pensamentos e sentimentos ruins, retira de mim, eu peço no Teu nome Senhor Jesus; me acalme
Conheço muitas formas de alegria. Mas só me reconheço numa: a seriedade. A única alegria que vale é a vida séria. Só a seriedade permanece. Só a seriedade compensa. Só a seriedade alegra. Tudo o resto são eflúvios passageiros de contentamento que dissimulam vidas tristes! P. J. Antonio

Estamos formando uma geração de egoistas, egocêntricos e inconsequentes

Parece que perdemos a capacidade de raciocinar, de entender o contexto e complexidade de tudo os que nos cerca. Ninguém discute com seriedade o que está levando a nossa sociedade a viver na idade das trevas. PARA SABER MAIS

COMUNHÃO EXISTENCIAL

COMUNHÃO EXISTENCIAL é como Merton chama a nossa vida em Cristo. A vida em Cristo é a síntese da comunhão existencial.]  Deus não é uma explicação para o que ainda desconhecemos, que vai sendo “empurrado” para mais longe a medida que o ser humano avança em seu conhecimento natural. O conhecimento humano não limita ou define Deus, mas cada vez mais engrandece a Deus. O Mistério de Deus perpassa todo o nosso conhecimento e vai além. Deus é Luz e Mistério, porque o Mistério de Deus é Luz, e não Trevas.

O velho e o novo.

"18 de março de 1959 O velho e o novo. Para o 'homem velho' tudo é velho - ele já viu tudo ou pensa que já viu. Perdeu a esperança de qualquer coisa nova. O que  lhe agrada é o 'velho' ao qual se agarra, temendo perdê-lo, mas certamente não feliz com isso. Ele assim se mantém 'velho' e não pode mudar. Não está aberto para nenhuma novidade. Sua vida está estagnada e é inútil. Ainda que possa haver muito movimento - são mudanças que nada mudam. 'Plus ça change, plus c'est la même chose.' Para o 'homem novo' tudo é novo. Até o que é velho transfigura-se no Espírito Santo e é sempre novo. Não há nada a que se agarrar. Não há nada a esperar do que já é passado - e é nada. O homem novo é o que é capaz de descobrir a realidade onde ela não pode ser vista pelos olhos da carne - onde ela passa a existir no momento em que ele a vê. E onde ela não existiria (pelo menos para ele) se ele não a visse." Thomas Merton, "Merton
« A ética é a estética de dentro». Muito bem observado por Reverdy!

SIMPLEX

“Que eu faça um mendigo sentar-se à minha mesa, que eu perdoe aquele que me ofende e me esforce por amar, inclusive o meu inimigo, em nome de Cristo, tudo isto, naturalmente, não deixa de ser uma grande virtude. O que faço ao menor dos meus irmãos é ao próprio Cristo que faço. Mas o que acontecerá, se descubro, porventura, que o menor, o mais miserável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que é necessário amar?” Yung Simples é sempre mais difícil.Simplex era, para os antigos, um grande valor. Em grego, simples é haplous ( aplouß)  Lucas 11:34 Seu olho é a lâmpada do corpo.   Quando seu olho é simples (  haplous  |  sπλοῦς  |  nom sg masc  ), então todo o seu corpo está cheio de luz, mas quando está doente, então seu corpo está cheio de escuridão. Quando algo está envolto em dobras é complicado. Simplex era a visão lím

ÓRFÃOS DE ÊXITO

Somos órfãos de êxitos, mas é com os fracassos que mais aprendemos, ainda que as pessoas só divulguem sucesso, fama e poder. Charles Dickens assim o notou: «Cada fracasso ensina ao homem que tem algo a aprender». Aprendemos a humildade para perceber que somos frágeis e finitos. Aprendemos que queda existe para quem caminha. E aprendemos a nunca desistir de recomeçar. A vida começa todos os dias e cada fracasso pode ser prenúncio de surpreendentes êxitos! Perseverar para superar. A força de vontade nos faz chegar lá.
Ninguém pode dominar ninguém. Só Deus é senhor. Nós somos todos irmãos. Só a fraternidade assegura a felicidade!

Humildade

“As pessoas que tentam orar e meditar acima do seu próprio nível, que se mostram demasiadamente desejosas de alcançar o que creem ser ‘um elevado grau de oração’, afastam-se da verdade e da realidade. Ao observarem-se a si próprias e ao tentarem convencer-se de seus progressos, tornam-se prisioneiras de si mesmas. Quando então percebem que a graça delas se afasta, permanecem presas em seu próprio vazio, na inutilidade de seus esforços e ficam desamparadas. A acedia substitui o entusiasmo do orgulho e da vaidade espiritual. Um longo tirocínio no caminho da humildade e da compunção, eis o remédio!” Thomas Merton

Propaganda eleitoral em templos religiosos?! - MPF

No Rio Grande do Norte e no Ceará, o MPF recomendou a líderes, pastores, ministros e religiosos sobre a proibição de propaganda eleitoral - seja de forma verbal ou impressa - nos templos religiosos. O desrespeito a essa regra da legislação pode resultar em aplicação de multa à entidade e até na cassação de registro do candidato. Apesar do objetivo estar claro no nome, não custa lembrar que templo  religioso é um local considerado sagrado, dedicado ao serviço religioso.  A recomendação destaca que “a liberdade de manifestar a religião ou convicção, tanto em local público como em privado, não pode ser invocada como escudo para a prática de atos vedados pela legislação” e cita o entendimento recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo o qual propagada realizada por entidade religiosa, ainda que de modo velado, pode caracterizar abuso de poder econômico.

COMUNHÃO NÃO É COMUNICAÇÃO

" O nível mais profundo de comunicação não é comunicação, é comunhão. Sem palavras. Além do poder da palavra, além do conceito. Não se descobre uma nova unidade; descobre-se uma unidade antiga. Caros irmãos, nós já somos um; apenas imaginamos não o ser. O que é preciso é recuperar nossa unidade original. Temos de ser o que já somos." Thomas Merton, "O Diário da Ásia", Vega 1978, pág. 242.

Calar

O ditado diz “a palavra é de prata, o silêncio é de ouro”; por quê? Porque as nossas palavras, como fato material, podem trazer-nos dissabores, o que é uma coisa real. Como se calar-se fosse uma coisa de nada! Quando é o maior dos perigos! O homem que se cala fica, com efeito, reduzido ao diálogo consigo próprio e a realidade não o vem socorrer castigando-o, fazendo recair sobre ele as consequências das suas palavras. Nesse sentido não, nada custa calar-se. Mas aquele q ue sabe onde há que temer, receia precisamente mais que tudo qualquer má ação, qualquer crime duma orientação interior que não deixe vestígios exteriores. Aos olhos do mundo, o perigo está em arriscar, pela simples razão de se poder perder. “Evitar os riscos”, eis a sabedoria. Contudo, a não arriscar, que espantosa facilidade de perder aquilo que, arriscando, só dificilmente se perderia, por muito que se perdesse, mas de toda a maneira nunca assim, tão facilmente, como se nada fora: a perder o que? A si próprio. Porque

PRECISAMOS DE CORAÇÕES PUROS, NÃO DE CORAÇÕES DUROS

A. Será que só o mal é ilimitado? 1.Haverá limites para o bem? Infelizmente, estamos num mundo e vivemos num tempo em que só o mal parece ilimitado. A todas as horas, lidamos com ele. Em toda a parte, sofremos por causa dele. E o que é pior é que, à força de tanto hábito, chegamos ao ponto de colorir o mal com tintas de bem. A maldade parece ter-se apoderado das pessoas aprisionando os seus sentimentos e as suas atitudes. Jesus confronta os fariseus acerca desta questão: haverá limites para o bem? Haverá dias em que não se possa fazer o bem? Afinal, será mal fazer o bem? 2.«Será permitido ao Sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?» (Mc 3, 4). Aparentemente ninguém tem dúvidas na resposta, mas, na prática, notam-se muitos bloqueios na vida. O bem, tão exaltado, permanece bloqueado por vulcões de maldade que não cessam. Jesus «estava indignado com a dureza daqueles corações» (Mc 3, 5). Esta é a raiz de toda a maldade: a dureza dos corações. Precisamos de coraç

Tanto terror

Acredite que, nestas trevas onde vivemos, Tanto terror é filho da ignorância. Como crianças, que de tudo têm medo à noite, Assim, nós de dia pávidos tememos, Ig uais a elas, ilusórias sombras. Tais trevas, tal terror, não se dissipam Com o raio solar, com a luz diurna, Mas com o estudo tenaz da natureza. Lucrécio, A natureza das coisas

O bem da oração

Homilia de um Autor do século V: O bem supremo é a oração, a conversa familiar com Deus. Ela é relação com Deus e união com Ele. Tal como os olhos do corpo são iluminados à vista da luz, assim a alma voltada para Deus é iluminada com a Sua inefável luz. A oração não é o efeito de uma atitude exterior, mas vem do coração. Não se limita a horas ou a momentos determinados, mas está em contínua atividade, de noite como de dia. Não nos contentemos com orientar o nosso pensamento para Deus apenas quando estamos em oração; mas quando outras ocupações - como o cuidado dos pobres ou qualquer outra ocupação boa e útil - nos absorvem, é importante associar-lhes o desejo e a lembrança de Deus, a fim de oferecer ao Senhor do universo um alimento muito doce, temperado com o sal do amor de Deus. Podemos daí retirar grande vantagem, ao longo de toda a nossa vida, se a isso consagrarmos boa parte do nosso tempo. A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento

Sassarico do Bemvindo - Telefonema Para o iluminado

SÓCRATES

Já o Sócrates dos diálogos platônicos era chamado atopos, isto é, "inclassificável". O que o torna atopos é precisamente ser "filósofo" no sentido etimológico d a palavra, isto é, ser amante da sabedoria. Pois a sabedoria, diz Diotima no Banquete de Platão, não é um estado humano, é um estado de perfeição no ser e no conhecimento que só pode ser divino. É o amor a essa sabedoria estranha ao mundo que torna o filósofo estranho ao mundo. Pierre Hadot, Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga

RIO SÃO FRANCISCO

Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira. Leon Tolstoi

DIA 03 DE JUNHO - DIA NACIONAL EM DEFESA DO VELHO CHICO

Intervenção militar pra que(m)? Um olhar da destituição à Constituição

Chega a ser constrangedor como nos últimos tempos as reivindicações por “intervenção militar” têm ganhado espaço no Brasil e, por último, durante a paralisação dos caminhoneiros. Faixas, pichações, discursos e movimentos na frente dos quartéis... Ora, será que cansamos da trajetória de construção da democracia? Ou será que esses 30 anos de democracia constitucional são, de fato, insuficientes para romper com o imaginário autoritarista (e militarista) herdado do século XX no Brasil? Penso que há um grau de senilidade e/ou déficit de memória e de fobia histórica de outros, jovens ou não-jovens (p. ex. veja a fala de L. Karnal aqui ou de L. F. Pondé aqui). Se o autoritarismo que precedeu nossa democracia tivesse sido produtivo e justo, não estaríamos às voltas com comissão da verdade e anistia. Verdade sobre o que?! Anistia de que?! Esqueceram que durante a ditadura militar foram perseguidas, executadas e torturadas diversas pessoas, assim como outras desapareceram (adultos, mulheres, c

Sou feliz só por preguiça

Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer. – Levanta, ó dono das preguiças. É o mando de minha vizinha, a mulata Dona Luarmina. Eu respondo: -Preguiçoso? Eu ando é a embranquecer as palmas das mãos. -Conversa de malandro… – Sabe uma coisa, Dona Luarmina? O trabalho é que escureceu o pobre do preto. E, afora isso, eu só presto é para viver… Ela ri com aquele modo apagado dela. A gorda Luarmina sorri só para dar rosto à tristeza. – Você, Zeca Perpétuo, até parece mulher… – Mulher, eu? – Sim, mulher é que senta em esteira. Você é o único homem que eu vi sentar na esteira. – Que quer vizinha? Cadeira não dá jeito para dormir. Ela se afasta, pesada como pelicano, abanando a cabeça. Minha vizinha reclama não haver homem com miolo tão miúdo como eu. Diz que nunca viu pescador deixar escapar tanta maré: – Mas você, Zeca: é que

«é por dentro que as coisas são»

Por fora captamos. Mas só por dentro se aprende. Como dizia Raul Brandão, «é por dentro que as coisas são». Razão assistia, por isso, ao Padre António Vieira: «Para aprender, não basta ouvir por fora; é necessário entender por dentro». Conhecer é, acima de tudo, escutar. Urge, pois, desoxidar o espírito. O silêncio é a atmosfera dos sábios!

São João Crisóstomo (347-407): Corpo de Cristo...

" Queres honrar o Corpo de Cristo?  Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto lá fora o abandonas ao frio e à nudez.  Aquele que disse: « Isto é o meu Corpo », [...] também afirmou: « Vistes-Me com fome e não me destes de comer », e ainda: « Na medida em que o recusastes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o recusastes.  [...] De que serviria, afinal, adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres?  Primeiro dá de comer a quem tem fome, e depois ornamenta a sua mesa com o que sobra».

Fofoca é terrorismo.

Meditação

"Ninguém se surpreende quando uma figueira dá figos. Similarmente, devemos nos envergonhar de nossa surpresa quando o mundo produz sua safra normal de acontecimentos. Um médico ou um almirante enrubesceriam em se surpreender se um paciente se mostrasse febril ou um vento contrário." Meditações de Marco Aurélio

Cargos em comissão

 O governo federal gasta, anualmente, R$ 855,3 milhões com os 22,4 mil cargos comissionados de Direção e Assessoramento Superior (DAS), normalmente usados como moeda de troca com o Congresso Nacional e preenchidos por apadrinhados políticos. MAIS INFORMAÇ

José Carlos Barros, no livro 'O uso dos venenos'. Ed. Língua Morta, 2014

Adjetivação

"O uso da adjetivação é um sintoma. Quando é necessário recorrer a um adjectivo, é sinal de que o substantivo não tem suficiente força expressiva. Confesso que me arrepia a necessidade que qualificar amigos como verdadeiros. Mas não é suposto que os amigos sejam verdadeiros? Se são falsos, serão amigos? O que acontece é que o recurso ao adjetivo «verdadeiros» deve ser entendido como sinônimo  de «existentes». É que aqueles que se revelaram falsos deixaram de ser amigos. Não d everia, portanto, ser necessário utilizar o qualificativo «verdadeiros» em relação aos amigos. O amigo é sempre verdadeiro e manifesta-se sobretudo na adversidade. Daí que Camilo Castelo Branco tenha tipificado os «amigos verdadeiros» como «aqueles que nos acodem inopinados com valedora mão nas tormentas defeitas». Não são frequentes amigos assim. Mas, graças a Deus, ainda existem. E resistem!" P João Antônio Pinheiro